O consumo de água na produção de água
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Os hábitos de consumo consciente estão cada vez mais presentes no cotidiano do brasileiro. Particularmente, vivo cercado por pessoas que se preocupam em saber as características de embalagens e a possibilidade de reciclá-las ou reutilizá-las, conhecer as ações (e inações) sócio-ambientais de seus fabricantes, da origem das matérias primas dos produtos que consomem. E que, ao comprar, optam por produtos e serviços que tenham menor impacto à sociedade e ao ambiente.
Minha percepção foi de fato comprovada por uma pesquisa desenvolvida pela Greendex: o consumidor brasileiro ocupa a 3a posição num ranking de 17 países. Mas um fato curioso emerge de uma análise mais detalhada dos resultados: no item alimentação, o brasileiro é apenas o 13o colocado. O resultado me chamou atenção para outra característica do consumidor brasileiro: a consciência sem conhecimento. Muito poucos entendem, de fato, o impacto de alguns produtos.
E você, entende?
Nosso globo é formado por 3/4 água. Nosso corpo também, entre 70 e 75%. No Brasil, o consumo desse recurso chega a 200 litros per capita por dia. As Nações Unidas indicam que o volume necessário para uma boa qualidade de vida é de 110 litros per capita por dia. Soma-se ao consumo humano os grandes volumes destinados à agricultura irrigada, que variam entre 2 e 12 vezes o volume para o abastecimento urbano e rural nas diversas regiões do país, e o consumo da indústria (17% da vazão de retirada total no Brasil), que é pouco menor que o consumo para abastecimento humano (23% da vazão de retirada total no Brasil). A análise Conjuntura dos Recursos Hídrico 2013 da Agência Nacional de Água aponta para um aumento de demanda devido ao crescimento populacional e a expansão da economia brasileira. Esse cenário torna-se ainda mais preocupante em um contexto de aquecimento global, que poderá impactar a disponibilidade hídrica e os regimes pluviométricos.
Mas nosso objetivo aqui é olhar para a água sob a ótica do consumo consciente e entender quanta água é consumida para produzir uma garrafa de água. Sem muito suor, me deparei com uma publicação da International Bottled Water Association (IBWA) sobre consumo de água na fabricação de água engarrafada. O estudo foi realizado pela amostragem de 9 empresas nos Estados Unidos, representando a produção de 14,5 milhões de litros de água (43% do consumo norte americano de água mineral em 2012). Os resultados apontam que: para produzir 1 litro de água mineral se consome 1,39 litros de água!
Leia também o post Dia mundial da água: um objetivo do desenvolvimento sustentável.
Se você se assustou com os números, tenho más notícias: essa avaliação é parcial, pois trata apenas do consumo no processo produtivo. Assim como a industria tem avançado na quantificação das emissões de carbono (Carbon Footprint) de sua cadeia produtiva, o mesmo deve ser feito para o consumo de água. A metodologia de Water Footprint, ou Pegada Hídrica, permite quantificar o consumo de água na cadeia. Imagine o resultado da análise se incluirmos o consumo de água na fabricação das embalagens de água? Dados da Water Footprint Network indicam que a pegada hídrica do plástico é relevante e o consumo para produção de uma garrafa plástica de 500 ml consome, em média, 3 litros de água. Ou seja, o consumo de água para fabricação da garrafa pode ser de seis a sete vezes maior que o volume de água dentro da própria garrafa.
E como bom curioso que sou, procurei outros indicadores sobre consumo de água na indústria de bebidas: 1 litro de refrigerante consome 2,02 litros de água; de cerveja 4 litros; de vinho 4,74 litros; e os destilados incríveis 34,55 litros para cada litro produzido.
Veja outros produtos campeões no consumo de água
Para conhecer mais sobre a atuação da WayCarbon na Gestão de Recursos Hídricos e no desenvolvimento de Pegadas Hídricas visite www.waycarbon.com
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Henrique Pereira
Henrique é graduado em Relações Internacionais, Pós Graduado em Tecnologias Ambientais e Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Co-fundador e CEO da WayCarbon, é um eterno otimista e acredita que as pessoas possuem todo o potencial de transformação e mudança que o mundo precisa. Vive o desafio de empreender e de compartilhar os valores da sustentabilidade. Mora na cidade, mas gosta mesmo é da roça: de comida no fogão a lenha, das cavalgadas pelo Rio Indaiá e dos casos que parecem mentira.