Status da transição energética em 2025 e perspectivas para 2026

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O ano de 2025 consolidou movimentos estruturais no setor energético global. A expansão acelerada das renováveis, o avanço da eletrificação e a preocupação crescente com a segurança energética redefiniram prioridades de países e empresas. Apesar de o mundo continuar dependente de combustíveis fósseis, com consumo global elevado de petróleo, gás natural e carvão, essa dinâmica atualmente convive com recordes de adição de energia solar e eólica, refletindo um sistema em transição, mas ainda distante de uma inflexão definitiva.  

O ano também foi marcado por tensões geopolíticas e por limitações no fornecimento de minerais críticos, essenciais para tecnologias limpas. De acordo com a Agência Internacional de Energia – IEA, o momento reflete o setor energético como eixo central da segurança econômica e nacional dos países, aumentando a importância da resiliência, diversificação e investimentos em infraestrutura. 

O setor elétrico em transformação: tendências globais e o papel estratégico do Brasil

A eletricidade segue no centro da transição energética e, em 2025, a expansão global das renováveis continuou em ritmo forte. Espera-se que a matriz elétrica mundial tenha superado 35% de participação renovável. Os custos competitivos da energia solar e da eólica, aliados a políticas públicas contínuas, reforçaram o crescimento dessas fontes, embora desafios estruturais de integração e armazenamento ainda limitem seu aproveitamento pleno. 

No Brasil, a matriz elétrica manteve posição de destaque global, com mais de 80% de fontes renováveis. A expansão da energia solar distribuída, da eólica e da biomassa fortaleceu ainda mais essa tendência. Contudo, o país enfrenta o aumento do corte programado de geração renovável, conhecido internacionalmente como curtailment. Esse fenômeno reflete limitações na infraestrutura de transmissão, na operação do sistema e na falta de mecanismos de armazenamento em escala. Superar esses entraves será decisivo para elevar o aproveitamento das renováveis e evitar desperdício de energia limpa. 

Para 2026, espera-se intensificação desses movimentos, com maior presença de baterias, novas linhas de transmissão e ajustes regulatórios voltados a um sistema elétrico mais flexível. O governo também prevê leilões importantes no ano, incluindo novos projetos de transmissão e certames de capacidade, que reúnem grande volume de empreendimentos inscritos. Essas iniciativas devem ampliar a infraestrutura, reforçar a segurança do suprimento e facilitar a integração de mais fontes renováveis, reduzindo a necessidade de cortes programados de geração em períodos de alta produção. 

O setor energético e os combustíveis sustentáveis: evolução, limites e oportunidades emergentes 

Apesar do avanço das renováveis, a demanda global por combustíveis fósseis permaneceu crescente em 2025. Essa realidade reforça que, mesmo com a transição em curso, modais de difícil eletrificação seguirão dependentes de combustíveis líquidos. Nesse contexto, cresceram os esforços dedicados ao desenvolvimento de combustíveis sustentáveis. Destacam-se o SAF, combustível sustentável de aviação, e o diesel verde, ambos considerados alternativas estratégicas para reduzir emissões em setores com poucas opções tecnológicas. Além disso, observou-se ampliação de projetos piloto, acordos de longo prazo e estudos de viabilidade, mesmo que a produção ainda seja limitada diante dos custos e da necessidade de matérias-primas sustentáveis. 

No Brasil, a Lei do Combustível do Futuro estabeleceu diretrizes claras para acelerar essa agenda e criar previsibilidade regulatória para investimentos. O programa ProBioQAV introduziu metas graduais para SAF e novas rotas tecnológicas ganharam base jurídica, incluindo o diesel verde. Um destaque é o biometano, que recebeu incentivos específicos e se posicionou como alternativa competitiva para descarbonizar o transporte pesado e integrar-se ao mercado de gás natural. Seu potencial é relevante por unir redução de emissões com soluções para resíduos agroindustriais. 

O gás natural continuou exercendo papel relevante como fonte de flexibilidade, sobretudo em países com matrizes em transição. Por aqui, o setor ainda enfrenta desafios ligados ao preço e à dependência da infraestrutura existente, mas segue essencial para complementar a variabilidade das renováveis enquanto tecnologias de armazenamento se consolidam. 

Este ano reforçou a coexistência entre forte expansão das renováveis, aumento contínuo da demanda global por energia e dependência persistente de combustíveis fósseis. As tensões geopolíticas, as restrições no fornecimento de minerais críticos e os desafios de integração elétrica deixaram claro que a transição energética é dinâmica e heterogênea. 

No próximo ano, espera-se maior pressão por rotas eficientes de SAF, diesel verde e biometano, além de avanços tecnológicos e regulatórios em captura de carbono, eficiência energética industrial e digitalização da gestão energética. 

As organizações precisarão fortalecer sua capacidade de planejamento e de adaptação. Isso envolve adotar métricas robustas de emissões, buscar maior participação de energia renovável via contratação direta ou autoprodução, investir em eficiência operacional, avaliar riscos físicos e regulatórios e desenvolver estratégias de uso eficiente de combustíveis sustentáveis. As empresas que adotarem uma abordagem integrada e antecipatória estarão mais bem preparadas para um ambiente energético mais competitivo e exigente. 

Referências

International Energy Agency (IEA). World Energy Outlook 2025 – Executive Summary
Disponível em: https://www.iea.org/reports/world-energy-outlook-2025/executive-summary 

IEA. Critical Minerals Market Review 2025
Avaliação de gargalos e cadeias globais de suprimentos 

Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2034)

ANEEL. Leilões de Transmissão 2025 e 2026
Notas de consulta pública e cronograma dos certames. 

Ministério de Minas e Energia (MME). Lei nº 14.700/2024 – Combustível do Futuro
Regulamentações sobre SAF (ProBioQAV), diesel verde, biometano, biodiesel e anidro. 

Alex Azevedo
Consultor de Sustentabilidade - Mitigação |  + posts

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