Dupla materialidade nos relatos de sustentabilidade

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Os primeiros escritos sobre Responsabilidade Social Empresarial ocorreram nos Estados Unidos, na década de 1950, com a publicação do livro “Social responsibilities of the businessman”, de Howard Bowen¹. Nas décadas seguintes, a importância do tema cresceu e adquiriu mais força, principalmente a partir dos anos 90. 

Se antes era apresentado quase como uma peça publicitária, o relatório de sustentabilidade foi ganhando consistência ao longo dos anos. O mercado começou a demandar que no documento não estivessem publicados apenas os resultados positivos das empresas, mas também o grau de compromisso e a maturidade das ações relacionadas a temas sensíveis, como diversidade e a governança de canais de denúncia para público interno ou externo.  

Os frameworks, como GRI (Global Reporting Initiative), aplicado pela primeira vez em 2000, e SASB (Sustainability Accounting Standards Board), criado em 2011, trouxeram uma sistematização para comunicar o impacto dos negócios em questões críticas ligadas à sustentabilidade. O início do processo de auditoria dos relatórios contribuiu para agregar confiabilidade e transparência ao documento. Dentre as evoluções, estabeleceu-se o estudo de materialidade, que identifica os temas mais pertinentes para a empresa e seus stakeholders dentro da agenda ESG. 

Dupla materialidade 

Reportes ESG estão chegando a novos patamares, com tendências regulatórias que chamam a atenção para o grau de concretude de informações requeridas. Em termos de mudanças climáticas, por exemplo, as demandas da SEC (Securities and Exchange Comission) passam por temas como precificação interna de carbono, a descrição de expertise (e responsabilização) de conselheiros no tema, ou a evidenciação de informações que possam afetar decisões de compra e vendas de ações em diferentes horizontes temporais. 

Seguindo essa mesma tendência, os frameworks para relatos ESG convergem irreversivelmente para a dupla materialidade, ou seja, a avaliação de como a sustentabilidade pode criar riscos para a continuidade dos negócios da empresa e simultaneamente a exposição de quais os impactos da empresa sobre as pessoas e o meio ambiente. 

Não raramente, empresas com níveis avançados de maturidade na elaboração de relatórios de sustentabilidade levaram de 3 a 5 anos para estruturar seu processo de materialidade a partir da visão de seus stakeholders e organizar suas bases de informações não-financeiras. E isso feito, chega a onda da dupla materialidade, sobrecarregada de desafios de diferentes naturezas. 

A tendência é que o relatório de sustentabilidade continue a evoluir em consistência e robustez, sumarizando o um resultado efetivo da uma estratégia ESG e climática que esteja em consonância com os objetivos de negócio e com os impactos causados para a sociedade e o meio ambiente,

Um balanço do CDP (Carbon Disclosure Project) Latin America, mostrou que das 2.026 organizações respondentes do questionário no continente em 2022, 52% têm processos de identificação, avaliação e resposta a questões relacionadas ao clima, considerando os riscos e oportunidades climáticas das suas organizações na transição para uma economia Net Zero. 

Como incorporar a sustentabilidade de forma profunda nas organizações? 

Apesar de a agenda estar em pauta no debate público, incorporar efetivamente a sustentabilidade não só na estratégia de uma empresa, mas dentro de sua operação, é um grande desafio para organizações de todos os portes e setores. Segundo um estudo de 2022 da IBM, 68% dos CEOs brasileiros relatam possuir ações de sustentabilidade, mas apenas 24% declaram integrar essas ações a toda a empresa. 

Trata-se de um processo de construção. Assim como em todo modelo de gestão, é preciso fazer um planejamento e um acompanhamento das ações previstas, determinar pessoas responsáveis pelos processos e monitorar indicadores com uma periodicidade adequada. Pode ser mensal ou trimestralmente, mas que direcione as ações de forma eficaz.

Outra dor para as empresas que trilham o caminho da sustentabilidade é garantir que os investimentos feitos na agenda gerem resultado e impacto no longo prazo. Para endereçar essa e outras necessidades, a tecnologia é um aliado cada vez mais valorizado. 

Com o uso de sistemas robustos é possível acompanhar o desenvolvimento das iniciativas atreladas às diferentes temáticas ESG. A tecnologia é um fator crítico para tornar possível inserir a sustentabilidade nas áreas da organização. Uma solução referência para atender a essas demandas é o Climas, software de Gestão de GEE e ESG desenvolvido pela WayCarbon.  

Usado por empresas em 27 países, o Climas possui dashboards de gestão, que permitem dar visibilidade para a liderança, prover navegabilidade entre os temas materiais e avaliar o desempenho da empresa por meio de indicadores. O software gera valor do nível estratégico ao operacional, trazendo produtividade e confiabilidade de informações. Além de apoiar as empresas na resposta aos principais questionários do mercado, como CDP, GRI, DJSI, entre outros. 

relatos climas

O prazo dado a empresas, governos e sociedade civil para atingir o Net Zero e o desenvolvimento sustentável é urgente. Regulamentação, padronização global e obrigatoriedade são palavras-chave imbuídas da missão de trazer mais celeridade à execução dos compromissos firmados pelas organizações. E os sistemas são ferramentas para navegação constante e segura nesse mundo veloz. 

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Referências

¹ Disponível em: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/contabilidadevistaerevista/article/view/1780 

² Disponível em: https://valor.globo.com/empresas/esg/noticia/2023/04/19/so-um-terco-das-empresas-que-reportam-informacoes-de-clima-mapeia-riscos-e-oportunidades.ghtml 

³ Disponível em: https://www.ibm.com/blogs/ibm-comunica/ceo-study-2022/ 

4 Disponível em  https://www.cdp.net/en/articles/governments/esg-ratings-and-data-products-the-challenges-and-opportunities-for-policymakers 

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