ESG hoje para garantir impacto amanhã: a agenda ESG no contexto de mudança
As questões ESG tiveram destaque ainda mais acentuado durante a pandemia causada pela Covid-19. No entanto, mesmo antes do mundo parar para conter o avanço dos casos de contaminação, os clientes, os colaboradores, os acionistas, os reguladores e as demais partes interessadas já demandavam das organizações a adequação de suas atividades às novas expectativas do público. A crise sanitária acelerou esse processo de mudança com um ponto crítico: as relações entre pessoas e empresas nunca mais serão as mesmas (ainda bem).
As organizações também sofrem com pressão dos reguladores para seguirem uma tendência global de desenvolvimento sustentável. Desde que o mundo parou em fevereiro de 2020, a atividade econômica decresceu, PIB brasileiro caiu 41% durante a pandemia segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desigualdades sociais foram acentuadas e os impactos socioambientais em torno da nova ordem mundial deixou evidente a necessidade de uma agenda ESG clara e eficiente.
Mas, afinal, onde as questões ESG se encaixam nessa história? Ao envolver práticas ambientais, sociais e de governança empresarial, o termo ESG engloba ações que integram essas práticas à estratégia da empresa, bem como, funciona como critério de reconhecimento de práticas sustentáveis pelos agentes interessados.
ESG acaba se tornando uma medida de desempenho empresarial que atrai investidores cada vez mais focados em investimento de impacto positivo, clientes mais conscientes de suas responsabilidades com as causas ambientais e sugere práticas de governança que garantam ética dos negócios, compromisso com de desenvolvimento socioambiental e seleção de parceiros alinhados com os objetivos ESG definidos pela empresa.
Integração ESG
Uma vez entendido que as questões ESG são fundamentais para garantir sobrevivência empresarial, é necessário estabelecer frentes de atuação para cada aspecto, ou seja, quais são e como os critérios ESG impactam a atividade empresarial no seu setor. As ações ESG se relacionam com os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU que estabelecem uma série de metas a serem alcançadas em nível global para garantir um desenvolvimento sustentável.
O trabalho de identificação de quais são os critérios que a empresa deve focar é chamado de materialidade ESG, processo pelo qual a atividade empresarial será dirigida em função desses novos alinhamentos de riscos e oportunidades. Importante salientar que a materialidade é individual, ou seja, enquanto o tratamento dos dejetos e o uso racional de água deve ser prioridade para uma mineradora, uma prestadora de serviços em consultoria pode priorizar a formação de jovens em situação de vulnerabilidade social.
Nesse sentido, a empresa deve não somente identificar os fatores de materialidade para sua atividade, mas medir esses critérios em termos de magnitude de impacto, ou seja, quais dos critérios são críticos e merecem maior atenção. O mapeamento desses elementos não é uma tarefa individual e simples. Exige participação dos clientes, fornecedores e outros interessados para garantir ações reais nas frentes de atuação necessárias.
A integração ESG deve ainda ser refletida no âmbito estratégico, pois as ações ESG impactarão nas decisões de investimento aprovadas pelo Conselho, traduzidas nas atividades fins e deverão ser refletidas em seus relatórios. A governança garantirá transparência nesta etapa para dirigir as ações de acordo o planejamento ESG evitando omissões de práticas não alinhadas e relatando objetivamente as ações prioritárias.
Mas quem identifica a materialidade ESG nas organizações? Apesar de haver processos de benchmarking, análises quantitativas e empresas de consultoria, que podem ser exteriores à empresa, o mapeamento é também um processo subjetivo e interno. Assim, são necessários que os colaboradores, especialistas ESG, criem um comitê ou um time ESG diverso e bem integrado para garantir que as decisões da cúpula estejam alinhadas com os resultados produzidos.
O desafio ESG: o mercado de trabalho
Dentre os diversos desafios que uma agenda ESG enfrenta como a desconfiança dos investidores na autenticidade dos relatórios ou a resistência de algumas empresas em contemplar as questões ESG em sua estratégia, a falta de profissionais qualificados para garantir uma agenda ESG eficaz é, sem dúvida, o maior dos problemas.
Há pelo menos dois obstáculos entre o desejo de mudança e a capacidade de ação. O primeiro é referente à composição dos cargos estratégicos. A percepção da mudança de hábito dos clientes, do interesse do investidor e das exigências dos reguladores é sentida nos níveis mais altos na hierarquia organizacional. Essa composição precisa ser diversificada de maneira viabilizar a percepção dos critérios mais importantes para sua atuação, bem como, de maior impacto. Assim, conselhos com mulheres, pretos, jovens, LGBTQIA+ são melhores representados, pois entendem a real necessidade do público interessado.
A segunda dificuldade é formação dos profissionais. A urgência do tema é sentida na atividade econômica mais rapidamente do que Universidades e centros de pesquisa podem desenvolver ementas de novos cursos de formação superior. Por mais que os clientes busquem empresas responsáveis e as organizações demonstrem interesse em agir de acordo os aspectos ESG, são os colaboradores que precisam de conhecimento adequado para garantir uma ação efetiva. É neste momento que entra em jogo a força jovem de trabalho, mais engajada com questões socioambientais e com formações interdisciplinares para compor a equipe ESG nas empresas.
Será você a empresa que os clientes desejam comprar? Será você o profissional que a empresa necessita para suscitar essa integração ESG? Quais ativos compõem sua carteira de investimentos hoje? E no futuro?
Investimento em educação
Empresas preocupadas com uma atuação ESG sólida demandam por profissionais especialistas. São eles que identificam as frentes de atuação da empresa, garantem o reporte adequado aos investidores e desenvolvem produtos e serviços que agreguem valor aos clientes e diminuam o impacto ambiental. Devido ao desenvolvimento mais maduro do mercado internacional, os frameworks, modelos de relatórios e estudos de caso que atualizam a discussão são em sua maioria em outra língua. Isso dificulta o ingresso e a formação de mais profissionais no mercado nacional.
«Há urgência das organizações em integrar ESG em suas operações, e investidores estão considerando isso em alocação de capital e empréstimos. Há metas globais de redução de emissão de GGE que eles precisam cumprir, e vão depender das empresas em seus portfólios para alcançarem suas metas. As empresas que não investem em formação profissional, serão afetadas no futuro próximo pelo descompasso entre o que o mercado financeiro exige e o que seus empregados conseguem implementar.”
Diz Clarisse Simonek, Co-fundadora da WeESG e conselheira acadêmica da certificação ESG do CFA.
A oferta nacional e em português de cursos livres, de curta duração e ministrados por agentes do próprio mercado estão crescendo no país. Esses cursos, quando atentos à volatilidade do mercado e oferecidos por empresas reconhecidas, são uma excelente alternativa para preencher as lacunas na formação dos profissionais já atuantes no mercado e são ótimas bússolas para atração de estudantes e interessados na atuação no mercado ESG.
Por isso, a WayCarbon, no seu mais novo hub de inovação, oferece o curso Fundamentos de ESG Corporativo, com 7 especialistas diferentes, para auxiliar a força corporativa a mergulhar no ESG de maneira mais assertiva.
As primeiras aulas já foram liberadas, mas ainda dá tempo de se inscrever.
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