Curva MAC: o que é e como pode auxiliar na estratégia de redução de emissões?

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A Conferência das Partes COP26, realizada em 2021, ressaltou a urgência da adoção de medidas de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas. Os países signatários do Acordo de Paris, adotado durante a COP21 (2015), assumiram compromissos de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) através de suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). A NDC brasileira, por exemplo, estabelece uma meta de redução das emissões em 37% até 2025 e em 43% até 2030, em relação aos níveis de 2005.  

Desde que a NDC brasileira foi divulgada, observa-se que a pauta sobre a transição para uma economia de baixo carbono vem se tornando cada vez mais frequente entre investidores, clientes, tomadores de decisão e formuladores de políticas públicas. A demanda pela redução nas emissões GEE traz consigo o desafio de entender quais ações deverão ser priorizadas em termos de capacidade de redução de GEE e quais investimentos serão mais custo-efetivos. É nesse contexto que se destaca a Curva de Custo Marginal de Abatimento (MACC da sigla em inglês). 

De maneira prática e visual, a curva MAC permite o ranqueamento das iniciativas de descarbonização em termos de custo-efetividade. A ferramenta permite visualizar o custo por tonelada de carbono equivalente evitada e a quantidade de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e) que um projeto será capaz de mitigar.  

Ao integrar a análise de viabilidade financeira aos projetos com o seu potencial de redução de emissões, a ferramenta passa a ser uma grande aliada no desenvolvimento de uma estratégia climática corporativa de mitigação das emissões, pautada em ações concretas que indicarão a viabilidade do atingimento das metas de redução. 

Como a curva MAC é construída?  

O desenvolvimento da curva MAC exige algumas etapas. Primeiro, define-se o horizonte temporal que será analisado. O ano base, idealmente, deverá coincidir com o ano mais recente do inventário de emissões de GEE e cujos dados correspondam as operações normais da empresa. Já o ano final da curva MAC deve, preferencialmente, permitir o desdobramento do resultado em metas de curto e médio prazo.

Em seguida, seleciona-se os projetos que irão compor a curva MAC. Tais projetos poderão pertencer ao portfólio da empresa ou serem captados no mercado, através de uma análise de benchmark do setor. Uma vez definido o horizonte temporal da curva MAC, utiliza-se a projeção de crescimento da companhia para elaborar dois cenários: 

  • Cenário Business As Usual (BAU): cenário ao qual os projetos de descarbonização ainda não foram implementados e não há, portanto, modificações no perfil de emissões da empresa. 
  • Cenário com os projetos: cenário de emissões considerando que projetos de descarbonização foram implementados. Calcula-se não só a capacidade de redução de emissão de cada projeto, mas também o seu Valor Presente Líquido (VPL), através da elaboração de um fluxo de caixa descontado. 

Após as parametrizações iniciais, calcula-se o custo marginal de abatimento para cada projeto, dividindo-se o VPL pelo total de toneladas de CO2e que será mitigado. 

Como analisar?

O resultado da curva MAC é expresso em um gráfico, como o apresentado na figura 1 abaixo: 

Figura 1. Curva MAC ilustrativa. Fonte: Elaboração própria.

O eixo vertical mostra o custo Marginal de Abatimento de uma tonelada de CO (R$/tCO2e). Já o eixo horizontal demonstra a capacidade de redução de emissões (tCO2e) para cada um dos projetos analisados. 

Assim, ao analisar o eixo vertical, percebe-se que os projetos com um custo marginal de abatimento negativo (localizados abaixo do eixo horizontal) correspondem as opções que trazem algum ganho financeiro para a empresa, seja por meio de redução de custo ou geração de receita adicional (i.e., o projeto 1 é o mais custo efetivo se comparado aos demais). Já os projetos com o custo marginal de abatimento positivo (acima do eixo horizontal) representam opções que exigem investimento líquido de capital.  

No eixo horizontal, tem-se o total de emissões abatidas em tCO2e e a proporção de abatimento de emissões ligada a cada projeto. Logo, quanto mais larga for a coluna de um projeto, maior o potencial de redução. Por exemplo, o projeto 2 tem o maior potencial de redução de emissões se comparado aos demais).  

Assim, projetos que aparecem abaixo do eixo horizontal e que apresentem maior espessura da coluna tendem a ser os prioritários.  

Primeiros passos para elaborar a Curva MAC 

A WayCarbon elabora curvas MAC para os clientes que desejam avaliar, dentre os projetos atuais ou futuros de descarbonização do seu portfólio, aqueles que possuem maior potencial de redução de emissões e o seu respectivo custo de implementação. Através dessa resposta, é possível definir os projetos mais custo-efetivos e, portanto, prioritários, ao desenvolvimento de estratégias de mitigação das emissões de GEE.  

Por meio dessa ferramenta analítica, prática e visual, é possível não só priorizar a execução de projetos de descarbonização, mas também estabelecer metas de redução de emissões factíveis e ambiciosas, em que diferentes cenários poderão ser avaliados a partir da alteração de parâmetros de cálculo dos projetos. Caso a meta já tenha sido estabelecida pela empresa, por meio da curva MAC é possível avaliar se os projetos previstos serão suficientes ou não para o seu atingimento. 

 

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