Como a Dow está lidando com as mudanças climáticas?

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Entrevista com Claudia Schaeffer, Diretora Global de Negócios para Energia e Mudanças Climáticas da Dow.

Fundada em 1897, nos Estados Unidos, a Dow tem como propósito combinar química, biologia e física para criar tecnologias inovadoras que contribuem para o progresso da humanidade. Presente em 31 países, a corporação emprega mais de 35.700 pessoas. No Brasil, são mais de dois mil funcionários, dez unidades de produção (distribuídas nos estados de São Paulo, Pará, Bahia e Minas Gerais) e um Centro de Inovação, localizado na cidade de Jundiaí (SP).  

Ciente de seu tamanho e impacto, a Dow realiza diversas iniciativas para integrar a agenda climática e os aspectos ESG à sua operação. Nesse sentido, estabeleceu uma meta ambiciosa de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 5 milhões de toneladas até 2030 e se tornar carbono neutro até 2050.  

Para atingir tal objetivo, a empresa precisava desenvolver um plano de descarbonização robusto, validar a metodologia de medição de GEE e se aprofundar na identificação das emissões de escopo 3, referentes à sua cadeia de valor. Assim, em 2021, a Dow contratou os serviços de consultoria da WayCarbon. 

Em entrevista a este blog, Claudia Schaeffer, Diretora Global de Negócios para Energia e Mudanças Climáticas da Dow, fala sobre o projeto realizado, os aprendizados gerados e os próximos passos da empresa no combate às mudanças climáticas. 

Quais eram os principais desafios da Dow ao buscar a WayCarbon?  

Na Dow, estabelecemos uma meta ambiciosa de reduzir nossas emissões em 5 milhões de toneladas até 2030 e nos tornarmos carbono neutro até 2050. Como parte desse objetivo global, precisávamos construir e validar um plano de descarbonização robusto que consolidasse a posição da integração dos sites de Aratu, Guarujá e Jundiaí no Brasil, assim como as diversas iniciativas integradas para a redução da pegada de carbono. Ao buscarmos o apoio da WayCarbon, queríamos também validar nossa metodologia de medição de gases de efeito estufa de escopo 1 e 2, assim como nos aprofundar no rastreamento e medição de emissões de escopo 3, que representam dois terços das nossas emissões totais e são um dos grandes desafios para a descarbonização de cadeias de valor.  

Quais foram os aprendizados e/ou percepções da equipe durante o processo de construção do estudo?  

O estudo confirmou que temos uma vantagem em termos de pegada de carbono, já que a Dow se posiciona entre as principais consumidoras de energia limpa na indústria química, estando entre as 25 maiores corporações globais em uso de energia renovável. Com o estudo em mãos, tivemos mais clareza para traçar os próximos passos rumo à estratégia de neutralidade de carbono da Dow, identificando riscos e oportunidades. 

Entendemos também o desafio que se apresenta para a redução, principalmente, nas pegadas relacionadas aos nossos fornecedores. Por isso, é importante trabalharmos em estreita colaboração com eles, assim como engajar nossos diversos stakeholders no tema da sustentabilidade e descarbonização.  

Quais foram os principais resultados do trabalho em termos de estruturação de uma estratégia de redução e compensação de emissões de gases de efeito estufa (GEE)?  

O estudo da WayCarbon possibilitou que identificássemos as principais tecnologias para a transição para uma economia de baixo carbono e nos orientou a construir um plano consistente que possibilite a nossa chegada ao net zero nas emissões de escopo 1 e 2.  

De que forma esse trabalho realizado em plantas brasileiras se encaixa na estratégia global de ESG e Mudanças Climáticas da Dow?  

Temos plantas com grande consumo de energia no Brasil que fazem parte dos esforços de descarbonização para o alcance das metas globais de redução de emissões da Dow. O Brasil tem uma posição diferenciada em termos de energia limpa e competitiva, o que nos dá oportunidade para descarbonizar nossas operações mais rapidamente e com custo mais competitivo do que outras regiões. Esse trabalho abordou também as emissões de escopo 3, alinhado às nossas metas de neutralidade de carbono em 2050. O engajamento com fornecedores e clientes será fundamental.  

Quais os próximos passos da empresa em relação à agenda das mudanças climáticas? 

Nossa estratégia é descarbonizar e crescer, por isso nosso plano para alcançar a neutralidade de carbono para 2050 concentra-se em cinco áreas-chave: 

  1. Otimizar nossas instalações e processos de fabricação para operações mais sustentáveis; 
  2. Aumentar a energia limpa em nosso mix de energia adquirida; 
  3. Colaborar com nossos fornecedores e clientes para reduzir as emissões de carbono das nossas cadeias de valor; 
  4. Investir no desenvolvimento e escalabilidade de tecnologias produtivas de baixo carbono; 
  5. Desenvolver produtos, tecnologias e serviços inovadores que reduzam as emissões das nossas cadeias de valor.  

Anunciamos no ano passado nosso primeiro complexo net zero no Canadá com desenvolvimento de hidrogênio circular e captura e sequestro de CO2. Além disso, estamos trabalhando com nossos fornecedores logísticos e de matérias-primas em oportunidades de descarbonização. Um exemplo é a parceria que fechamos recentemente com a Ambipar e com a Scania no Brasil para iniciar a mudança das matrizes energéticas de nossas operações de transporte para fontes mais limpas com a inclusão de caminhões movidos a GNC.  

Maria Luiza Gonçalves
Jornalista e Analista de Comunicação en WayCarbon | + posts

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