Terra Estufa poderá ser possível mesmo com sucesso do Acordo de Paris

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terra estufa

Um novo estudo publicado pela revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), no dia 06 deste mês, afirma que, ainda que atinjamos a meta de redução de 2ºC estabelecida pelo Acordo de Paris, o planeta Terra ainda poderá entrar em um estado de «estufa» sem precedentes, num cenário batizado de «Terra Estufa». O trabalho é assinado por um grupo internacional de cientistas climáticos da Alemanha, Dinamarca, Austrália e Suécia.

Os pesquisadores destacaram que o estudo não é conclusivo, mas que serve de alerta para um possível cenário em que as metas do Acordo de Paris não seriam suficientes para barrar o aquecimento da Terra. O aquecimento de 2ºC, advindo das emissões das atividades humanas, pode desencadear uma interação de processos combinados de mudança do clima que, por sua vez, trariam consequências severas para o planeta. Dentre os processos considerados estão a liberação de metano aprisionado no permafrost siberiano e o impacto do derretimento de gelo na Groenlândia, por exemplo.

Katherine Richardson, da Universidade de Copenhague e uma das autoras do trabalho, afirma que o estudo demonstra que a ação climática não trata apenas do controle de emissões, mas de entender como vários fatores climáticos interagem em nível global. Além disso, segundo o chefe do trabalho, o cientista climático Will Steffen:

«as emissões humanas de gases de efeito estufa não são o único fator determinante para a temperatura na Terra».

 

Terra Estufa

Isso é, um aquecimento de 2ºC no sistema poderia desencadear processos denominados de «feedbacks«, que levariam a um aquecimento ainda maior. Esse processo faria o planeta aquecer em ritmo acelerado, mesmo que a humanidade não produzisse mais GEE.

Sob tais efeitos, algumas localidades passariam a ser inabitáveis, como as cidades de Tóquio, Sydney, Nova York e Veneza, devido ao aumento do nível do mar entre 10 e 60 metros. Além disso, até o final do século, aumentaria o risco de danos em tempestades costeiras e poderia haver a extinção dos recifes de corais, por exemplo.

Os pesquisadores analisaram, ainda, o sistema da Terra 2ºC mais quente por meio de variados modelos climáticos. Nesse contexto, algumas forças que até então auxiliavam a regulação dos processos naturais do planeta, como oceanos ou o permafrost, passariam a executar papéis inversos aos de sumidouros de carbono, se liberassem os gases contidos em suas estruturas.

Anualmente, as florestas, os oceanos e o permafrost absorvem aproximadamente 4,5 bilhões de toneladas de carbono. Se o estresse climático proporcionado pelo aumento da temperatura em 2ºC agir sobre elas como pensam os cientistas, fazendo com que liberem mais GEE do que absorvem, o cenário de aquecimento no planeta seria ainda piorado.

Acordo de Paris ainda é o caminho

Contudo, Joachim Schellnhuber, um dos autores do estudo, reitera que este trabalho ainda não é capaz de demonstrar se a meta estabelecida pelo Acordo de Paris será ou não suficiente para frear o aquecimento global. Johan Rockström, diretor executivo do Centro de Resiliência de Estocolmo, também afirmou que ainda há enormes lacunas de dados e conhecimento sobre como os processos das mudanças do clima podem interagir e se amplificar, mas afirma também que os feedbacks poderiam levar o planeta a um estado climático mais extremo.

Já Jonathan Donges, cientista também envolvido no trabalho, pondera:

«a implementação completa do Acordo de Paris, ao seguir um caminho de rápida descarbonização através da transformação socioeconômica, minimiza o risco de desencadear essa mudança climática que se amplifica por si própria».

Vale ressaltar ainda que, mesmo que todos os compromissos já assumidos no âmbito do Acordo de Paris sejam cumpridos, ainda há um gap grande de redução de emissão necessária para atingirmos os 2ºC. Para atingirmos 1,5ºC o gap é ainda maior. Ou seja, reforçar o Acordo de Paris, aumentando o peso de seus compromissos, ainda é a melhor estratégia de combate ao aquecimento global.

Fontes: South China Morning Post e DW

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