Avaliação de impactos: quais os impactos – positivos e negativos – da sua empresa?

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Conforme já discutimos anteriormente, a transparência em relação às práticas e compromissos ambientais, sociais e de governança (ASG) tem sido uma demanda cada vez mais frequente por parte de diversos stakeholders, reforçando a necessidade das empresas se atentarem para esses temas.

Leia também: Transparência em ascensão: a novidade do ano no Sustainability Yearbook 2020

A intensificação de eventos climáticos extremos, o agravamento da desigualdade social e os casos de violação dos direitos humanos, são exemplos de aspectos ASG que demonstram que as empresas não estão mais limitadas apenas ao mercado financeiro, visto que seus negócios também geram impactos que afetam a sociedade e o meio ambiente.

As empresas B, por exemplo, são organizações que se comprometem a considerar o impacto de suas decisões e ações em seus stakeholders. São mais de 3.000 companhias certificadas como Empresas B, que têm se voltado para equilibrar o lucro com o propósito de serem mais inclusivas e de fomentarem uma economia sustentável.

Os impactos gerados pelos produtos, serviços ou operações das empresas, no entanto, podem ser tanto positivos quanto negativos. Mas, como as empresas podem identificá-los?

Estudos de Avaliação de Impactos

Para gerenciar os efeitos de seu negócio, é importante que as empresas elaborem estudos de forma a avaliar, identificar, mensurar, quantificar e divulgar seus impactos, positivos e negativos.

Adicionalmente, para que essa avaliação seja efetiva, é preciso que as empresas observem um grupo abrangente de stakeholders, indo além de seus clientes, fornecedores ou investidores. É preciso, então, entender como as externalidades sociais (ex: acidentes e fatalidades, satisfação dos colaboradores, investimentos em negócios inclusivos) e ambientais (ex: poluição do ar, água e geração de resíduos) afetam indicadores como a motivação dos colaboradores ou a disponibilidade de recursos naturais.

Entretanto, segundo o SAM Sustainability Yearbook 2020, apenas 31% das empresas que relataram ter elaborado uma avaliação de impactos realizaram essa atividade com acurácia. A principal lacuna identificada é que essas avaliações devem focar em aspectos ainda não observados nos relatórios financeiros das organizações, complementando-os. Nesse sentido, é necessário ir além dos impactos já apresentados na conhecida Demonstração de Valor Adicionado (DVA), identificando impactos da companhia (positivos ou negativos) que não foram ainda incorporados em suas demonstrações financeiras.

Como a avaliação tem sido abordada pelas empresas?

Os resultados encontrados pelo SAM Sustainability Yearbook mostram que há uma proeminência na identificação de impactos ambientais, enquanto apenas 38% dos impactos identificados dizem respeito a aspectos sociais. Porém, é importante ressaltar que, em muitos casos, impactos ambientais e sociais estão intrinsicamente conectados e não deveriam ser tratados separadamente.

Os setores que mais apresentaram avaliações de impacto, considerando aspectos ainda não incorporados nos relatórios financeiros das empresas, foram:

i) energia;
ii) tecnologia da informação;
iii) materiais;
iv) bens e serviços.

(Para mais informações sobre as empresas que compõem cada setor, clique aqui).

Nesses setores, mais de 20% das empresas relataram o desenvolvimento desse tipo de avaliação. Por outro lado, tanto no setor de saúde como no imobiliário, menos de 10% das empresas relataram ter avaliado seus impactos. É interessante perceber que os setores mais bem posicionados são aqueles já conhecidos por seu impacto relevante em questões ambientais e sociais.

Em outro nível de análise, sabemos que grande parte dos impactos das empresas se encontram não apenas em suas operações, mas também em suas cadeias de fornecimento, que podem ser bastante complexas e compreender diversos setores e regiões. Cada elo da cadeia terá uma série de externalidades, que precisam ser mapeadas.

No geral, apenas 43% das empresas apresentaram externalidades originadas ao longo do ciclo de vida de seus produtos e serviços. Esses valores variam de acordo com as características de cada setor avaliado. Por exemplo, 61% das empresas do setor financeiro – que geralmente possuem operações de baixo impacto – apresentaram externalidades indiretamente originadas de seus serviços (ex: o impacto das operações nas quais possuem investimentos). Por outro lado, 80% das empresas de energia relataram externalidades provenientes de suas operações próprias.

Como traduzir a avaliação de impactos?

Existem diversas formas de se mensurar os custos e/ou benefícios dos impactos identificados, podendo auxiliar o processo de tomada de decisões estratégicas. Abordagens quantitativas podem traduzir a magnitude dos impactos de uma empresa, tanto em termos monetários como em termos não-monetários. Por exemplo, o impacto da indisponibilidade de água, em uma comunidade que sofre com a escassez hídrica, será bem mais significativo do que o custo financeiro do m3 de água nessa mesma região.

O exemplo anterior mostra, também, a relevância da contextualização dos impactos divulgados. O simples relato das externalidades de uma empresa pode não refletir como esses impactos são gerados. O consumo excessivo de água na cidade de São Paulo, em 2014 – em um contexto de escassez hídrica severa – dificilmente pode ser comparado com um consumo da mesma magnitude, em 2020.

Como utilizar a avaliação de impactos estrategicamente?

Os resultados de uma avaliação de impactos das operações, produtos e serviços, abrangendo também os elos críticos da cadeia de fornecimento da organização, podem ser utilizados como insumos para a definição de estratégias de negócio, identificação e gerenciamento de riscos e oportunidades futuras, priorização de investimentos, dentre outros. A seguir, trazemos alguns exemplos de como utilizar estrategicamente uma avaliação de impactos:

  • Identificação de vulnerabilidades, a partir da compreensão de como as operações da empresa impactam negativamente em aspectos socioambientais inerentes ao negócio, de forma a contribuir para sua resiliência e mitigar possíveis prejuízos aos resultados financeiros da companhia.
  • Identificação e priorização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), impactados – positiva e negativamente – pelas operações da empresa. De acordo com o Guia dos ODS para as Empresas, as empresas deveriam avaliar de que forma suas atividades impactam negativamente o atingimento das metas globais para 2030 – e buscar formas de mitigar esses impactos.
  • Antecipação à regulação e instrumentos legais sobre a mudança do clima, que têm surgido como forma de incentivar que empresas busquem reduzir seus impactos negativos nos esforços para redução de emissões. Por exemplo, mais de 40 países já possuem iniciativas para o estabelecimento de um sistema de precificação de carbono (saiba mais sobre precificação de carbono aqui).
  • Alinhamento à conscientização crescente dos consumidores, que podem priorizar empresas que tenham boas práticas ASG e que sejam transparentes quanto aos seus impactos. Em recente estudo, realizado pelo Pacto Global com CEOs de 1000 organizações, os consumidores figuraram entre os stakeholders que mais influenciarão as decisões e o engajamento desses líderes na gestão da sustentabilidade, nos próximos 5 anos.
  • Identificação de riscos ao longo da cadeia de fornecedores, que pode esconder uma série de potenciais impactos negativos, devido à sua complexidade e extensão. É mais que relevante, por exemplo, não só identificar quais são os fornecedores críticos diretos, como também os indiretos, e quais suas externalidades.
  • Alinhamento com as demandas de investidores que valorizam empresas que possuem boas práticas em aspectos ASG. Com uma visão de longo prazo, tem sido frequente o posicionamento de grandes investidores em favor de empresas que publicamente divulgam seu desempenho ASG e evitam colocar em risco sua geração de valor, identificando e mitigando suas externalidades negativas.
  • Mapeamento de desafios comuns, tanto no mesmo setor como em setores diferentes. Por exemplo: empresas do setor têxtil, que possuíam desafios em comum para evitar a utilização de mão de obra escrava em sua cadeia de fornecimento, elaboraram em conjunto soluções para abordar esse tema e evitar que casos voltassem a ocorrer em suas cadeias.
  • Complemento aos relatos de sustentabilidade, trazendo informações que servem como insumo para a tomada de decisão estratégica, indo além de simplesmente informar aos stakeholders sobre as iniciativas da empresa. Inclusive, já abordamos aqui no blog da WayCarbon sobre como utilizar os programas de relato para gerar valor.

É importante, portanto, que as empresas não olhem apenas para definições puramente financeiras referentes à criação ou destruição de valor, mas avaliem também como suas atividades – inclusive da cadeia de valor – impactam em aspectos socioambientais.

Sua empresa sabe quais são os impactos sociais e ambientais, negativos e positivos, que ela gera? Entre em contato conosco e descubra como podemos te ajudar!

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