Guia WayCarbon: entenda de vez o que é aquecimento global

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Apesar de serem assuntos recorrentes na sociedade, sobretudo nos últimos anos, o aquecimento global e as mudanças climáticas ainda trazem dúvidas para o público em geral. Por isso, decidimos tirar algumas dúvidas sobre esses temas no post de hoje.

Mesmo que você já se sinta capacitado, sempre vale a pena conferir se os conceitos estão todos corretos, certo? Continue acompanhando!

Efeito estufa: vilão?

Dada a grande exposição do tema do aquecimento global na mídia, muitas pessoas acreditam que o efeito estufa é algo prejudicial ao planeta. Contudo, o efeito estufa é fundamental para a vida na Terra. Sem ele, a temperatura média na superfície terrestre seria -18oC, ou seja, 33oC abaixo da temperatura atual!1

Essa condição é promovida pela capacidade dos gases que compõem a camada de efeito estufa da Terra refletirem a radiação infravermelha (calor) que seria dissipada para o espaço. Sendo assim, o grande problema não é o efeito estufa em si, mas o agravamento desse fenômeno natural.

Poderíamos dizer, então, que o grande desafio ambiental da humanidade é o rápido crescimento da concentração de Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera. Esse é o fenômeno conhecido como aquecimento global.

O que é Aquecimento Global?

aquecimento global
Gráfico – Aquecimento Global

O aquecimento global pode ser definido como o aumento da temperatura média da superfície terrestre como resultado do aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. Esse fenômeno, contudo, é apenas um dos efeitos das chamadas mudanças climáticas – um processo de longo prazo de alteração do clima global que inclui, também, mudanças nos padrões de precipitação e o aumento da frequência e magnitude de eventos climáticos extremos.

O aquecimento global, portanto, é um reflexo de um conjunto mais abrangente de transformações do clima terrestre, atribuídas às emissões de gases de efeito estufa advindas de atividades humanas.

Mudanças Climáticas: qual a garantia da sua existência?

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em sua sigla em inglês) é a principal fonte de conhecimento técnico-científico sobre mudanças climáticas no mundo.

Seus dados indicam que, não apenas a temperatura na Terra está subindo desde a revolução industrial, mas que esses aumentos de temperatura estão sendo cada vez maiores e em menores espaços de tempo. A concentração de CO2 na atmosfera, que nos últimos 800 mil anos nunca havia ultrapassado de 280 a 300 ppm,2 hoje está em mais de 400 ppm. E esses aumentos de temperatura e CO2 na atmosfera são comprovadamente reflexos das atividades humanas, principalmente devido ao alto uso de combustíveis fósseis.

O IPCC nos apresenta alguns cenários de aumento de temperatura, sendo o mais alarmante deles o cenário RCP8.5, que indica um aumento de 4,3oCna temperatura terrestre até o final do século. Qualquer valor acima de 2oC é atualmente considerado crítico devido às grandes perdas econômicas e em termos de biodiversidade no planeta. Estima-se perdas de até 20% do PIB mundial devido aos problemas relacionados às mudanças climáticas. Entre essas potenciais perdas, pode-se citar algumas situações que já presenciamos em nosso dia a dia no Brasil, por exemplo: inundações, tempestades e furacões4, secas, aumento do nível do mar, etc.

Por isso, torna-se claro que o modelo de desenvolvimento adotado pelo mundo necessita urgentemente de mudança.

Você sabe o que são medidas de adaptação às mudanças climáticas? Entenda melhor.

O Acordo de Paris (COP 21)

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O Acordo de Paris é o principal acordo mundial já firmado, em termos de combate às mudanças climáticas e o aquecimento global. Em acordos passados, como o Protocolo de Quioto, não houve adesão de países importantes no cenário de emissões internacional, como os Estados Unidos. Da mesma forma, outros países não possuíam metas de redução de emissão, como os países em desenvolvimento – o Brasil, por exemplo.

Em junho de 2017, porém, os Estados Unidos saíram do Acordo, deixando o mundo em alerta. Saiba mais sobre as consequências dessa decisão no post Acordo de Paris: Perdemos os EUA. E agora?

Apesar desse evento, o Acordo de Paris, que entra em vigor a partir de 2020, conseguiu um grande consenso sobre o tema e sua importância, unindo esforços de diversos países em torno do objetivo de limitar o aumento da temperatura na Terra em no máximo 2oC até o final do século5. Para tal, os países membros foram convidados a apresentarem as chamadas Pretendidas Contribuições Nacionalmente Determinadas (INDC, em sua sigla em inglês).

Tais contribuições representam as metas iniciais de redução de emissão de cada país. Espera-se que ao longo dos anos tais metas sejam revistas e se mostrem cada vez mais ousadas, pois mesmo considerando todas as metas hoje propostas pelo Acordo de Paris, o mundo ainda está longe da redução de emissão necessária para conter o aumento de temperatura em 2oC.

Qual a Contribuição do Brasil?

O Brasil possui uma meta de redução de emissão de GEE voluntária desde 2009, quando foi instituída a Política Nacional de Mudanças Climáticas.

No Acordo de Paris, o Brasil propôs a meta robusta de reduzir 43% das emissões de GEE até 2030, em comparação ao ano de 2005. Essa meta fez parte da proposta da INDC brasileira, que posteriormente foi aprovada pelo Congresso Nacional. Assim, em 2016, o Brasil ratificou o Acordo de Paris, deixando clara para o mundo a sua intenção de ter um papel ativo na mitigação das emissões de GEE.

Saiba mais sobre as metas nacionais de redução dos GEE no post Ganhos de eficiência: um caminho para a NDC brasileira.

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Folha de São Paulo – 2015

E quais as tendências das metas do Brasil?

Para que o Brasil consiga atingir a redução de emissão de GEE de sua meta no Acordo de Paris, provavelmente serão utilizadas políticas de incentivos à redução de emissão ou restrições às emissões, podendo também haver uma política mista.

Atualmente, o Brasil, por meio do Ministério da Fazenda com apoio do Banco Mundial, está analisando a possiblidade da criação de um sistema de comércio de emissões (Cap & Trade) e/ou uma taxação de carbono, que funcionaria no país a partir de 2020.

Um sistema Cap&Trade limitaria as emissões de setores e empresas. As empresas que emitissem mais que o limite permitido teriam que comprar créditos de carbono de empresas que conseguiram reduzir mais do que precisavam.

Já um sistema de taxação aplicaria uma taxa para cada tonelada de CO2 emitida (ex: R$10,00/tCO2), podendo ser aplicada para toda a economia ou apenas para alguns setores. Discute-se, ainda, a possiblidade de um sistema misto mercado e taxação (ex: mercado para empresas e taxação para combustíveis fósseis).

Ressalta-se que tal tendência é global. Atualmente já existem mais de 40 países que possuem sistemas de mercado de carbono e/ou taxação. Um dos mais recentes foi o sistema de taxação implementado no Chile no ano passado. Jurisdições como México, África do Sul, China, União Europeia e parte dos EUA também possuem sistemas já implementados.

Ufa! Ainda restam dúvidas sobre o aquecimento global ou sobre as mudanças climáticas? Ficou algo de fora? Fale conosco! Estamos sempre procurando nos atualizar e trazer novas informações para o blog. Deixe seu comentário abaixo!

1 – Temperatura Média Atual estimada em 15oC
2 – PPM: partes por milhão

3 – RCP8.5 indica aumento de 4,3oC, variando de 3,4 oC à 5,4 oC.
4 – 1o Furação no Brasil: Furação Catarina, 2004: perdas econômicas de mais de R$ 1 bilhão.
5 – Com esforços para limitar em até 1,5 oC.

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