Segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, as emissões de gases de efeito estufa(GEE) decorrentes de transportes rodoviários no Brasil somavam, em 2020, 123 MtCO2e, correspondendo a 7,4% das emissões nacionais. Metade dessas emissões referem-se a veículos de maior porte, como caminhões e ônibus.
Em tal contexto, o cálculo das emissões de frotas logísticas e a descarbonização no setor de transportes são iniciativas altamente complexas, que envolvem diversos atores de uma cadeia de valor. Por isso, a WayCarbon está lançando uma solução para auxiliar as empresas nesse desafio: a FREIGHT EMISSIONS API.
Os desafios de se calcular as emissões de GEE da logística
Indústrias, varejistas e diversos outros tipos de empresa possuem cadeia de suprimentos complexas, tanto upstream (ou a montante) – dos fornecedores às fábricas – como downstream (ou a jusante) – das fábricas aos clientes.
A logística entre todos os elos da cadeia de suprimentos envolve transporte próprio ou terceirizado e pode depender de vários tipos de modais – de caminhões pesados no upstream até veículos leves para a última milha no downstream. Calcular as emissões de gases de efeito estufa dessa logística pode ser um grande desafio por algumas razões.
1.Volume de transações
As empresas possuem grandes volumes de transações logísticas. Produtos industrializados com a cadeia de suprimentos complexa e varejistas com milhares de produtos disponibilizados em centenas de lojas, geograficamente dispersas, são apenas dois exemplos de negócios que demandam alto de volume trechos percorridos diariamente.
2. Frota própria x terceirizada
Quando a logística é realizada por frota própria, em geral a empresa possui controles que permitem o cálculo do volume de emissões de GEE, como, por exemplo, o consumo por tipo de combustível – ou, ao menos os valores gastos com combustíveis de forma que se possa fazer um cálculo aproximado do consumo por tipo de combustível.
No entanto, em geral, grande parte da logística é terceirizada para diferentes fornecedores, tornando a tarefa da mensuração das emissões logísticas mais desafiadora. Transportadoras, por exemplo, possuem informações sobre o tipo de veículo e trecho percorrido, que podem ser utilizadas para a estimativa do consumo de combustível, porém, em geral, essas informações não são fornecidas à empresa contratante.
3. Mudanças nos fatores de emissão
Além de mensurar o consumo de combustível, é necessário transformá-los em emissões dos diferentes tipos de gases (CO2, CH4, N2O) e, posteriormente, convertê-los para tCO2e. Esses fatores, no entanto, alteram-se ao longo do tempo, em função, por exemplo, do aumento ou redução do uso de biodiesel no diesel. Esse efeito faz com que as emissões de um mesmo trecho possam ter variações no volume de emissões em dois períodos distintos.
A solução FREIGHT EMISSIONS API
A FREIGHT EMISSÕES API tem como finalidade apoiar as empresas no cálculo de suas emissões de gases de efeito estufa advindas da logística. A solução está disponível inicialmente para o cálculo dos transportes rodoviários na América Latina.
As APIs são utilizadas para integrações entre sistemas, provendo flexibilidade para a criação de diferentes tipos de aplicações. Alguns exemplos de aplicações são mencionados abaixo.
- Aprimoramento de cálculo de emissões de escopo 1 e escopo 3
Empresas que possuem metas de redução de emissões devem contemplar o total de suas emissões de GEE, incluindo-se as emissões de sua frota própria e de sua cadeia de suprimentos.
A API pode simplificar essa tarefa, na medida em que a empresa pode enviar quaisquer formatos de informações que tenha disponíveis, seja o consumo de combustível, o total gasto com combustível ou ainda informações detalhadas para cada trecho, como por exemplo, tipo de caminhão, CEP de origem e destino e peso da mercadoria. Quanto maior a acurácia da informação enviada, maior a precisão no cálculo do volume de emissões de GEE.
- Roteirização de frete
Num país onde o principal modal de transporte é o rodoviário, frequentemente o custo do frete é componente relevante para as margens financeiras dos negócios que envolvem distribuição de produtos. Assim, o tema de roteirização do frete tende a levar em consideração diferentes variáveis – não apenas a distância, como também questões tributárias e de segurança. Com o uso da API, as emissões de GEE podem não apenas ser conhecidas, como também precificadas, passando a incorporar a inteligência de decisão da roteirização final.
- Frete neutro
A neutralização do frete deve sempre ser entendida como uma estratégia complementar à outras iniciativas de mitigação que a empresa já possua. A simples compensação das emissões – ou, em outros termos, a aquisição de créditos de carbono em volumes equivalentes às emissões – sem outras medidas de redução – é uma prática inadequada e que pode expor a empresa a questionamentos. Desta forma, transportadoras que queiram oferecer o frete neutro aos seus clientes ou empresas com logística própria que compensem suas emissões precisam assegurar-se de que estejam agindo em consonância com as melhores práticas preconizadas por cientistas e especialistas em mudanças do clima.
A relevância para a estratégia de descarbonização das empresas
Os estímulos para a descarbonização do setor de transportes passam por mudanças tecnológicas. Mudanças na composição das frotas – com maior tendência de adoção de veículos elétricos por exemplo – precisam ser refletidas em dados, não apenas para a gestão interna como também sob a forma de relatórios externos que comuniquem os resultados obtidos a partir dessas iniciativas e investimentos. Nesse sentido, a FREIGHT EMISSIONS API permite o cálculo das emissões da frota atual para que se possa compará-lo com as reduções projetadas a partir da adoção dessas novas tecnologias ou com as reduções efetivas depois de sua adoção.
A FREIGHT EMISSIONS API chega ao mercado para prover a possibilidade de geração de produtos e serviços inovadores na área de logística, bem como para permitir que as empresas criem mecanismos de gestão e reporting de suas iniciativas de descarbonização logística. Entre em contato com os especialistas da WayCarbon e saiba mais.
Referências
MCIT. Estimativas Anuais de Emissões de Gases de Efeito Estufa no Brasil – 6ª. edição. 2022. Disponível em https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/sirene/publicacoes/estimativas-anuais-de-emissoes-gee.
MCTI. Dados digitais sobre transporte no Brasil podem auxiliar na elaboração do Inventário Nacional de gases de efeito estufa. https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/noticias/2021/06/dados-digitais-sobre-transporte-no-brasil-podem-auxiliar-na-elaboracao-do-inventario-nacional-de-gases-de-efeito-estufa