A sustentabilidade no CDP Supply Chain América Latina
As empresas latino-americanas precisam aprimorar suas ações. Em 2016, o mundo alcançou um novo recorde de temperatura, ressaltando a urgência de esforços de mitigação e adaptação ambiciosos. Ainda assim, a análise dos dados do Programa CDP Supply Chain América Latina revela uma situação preocupante: enquanto o engajamento e a participação têm aumentado, melhorias reais de performance não são identificadas.
O que isso nos diz?
As ambições estabelecidas na COP 21 ecoaram pelo mundo enquanto o Acordo de Paris entrava em vigor, em novembro de 2016. As Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, do inglês “Nationally Determined Contributions”) representam uma oportunidade sem precedentes para alinhar objetivos nacionais de mitigação e adaptação, investimentos e políticas em direção a um futuro de baixo carbono. A visão das empresas, contudo, ainda parece ter curto alcance.
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O momento para agir é agora, e a ação deve se expandir para além das fronteiras organizacionais. A justificativa para a sustentabilidade torna-se inquestionável uma vez que os impactos climáticos, a escassez de recursos e a necessidade de segurança energética são mais relevantes do que nunca do ponto de vista do setor privado. Infelizmente, os dados demonstram que a incorporação da sustentabilidade como variável estratégica aos negócios nas cadeias de suprimentos está aquém do necessário.
O aumento da participação de empresas que reportam ao CDP é uma ótima notícia. Porém, o progresso ainda é lento, tanto no gerenciamento das mudanças climáticas quanto no de recursos hídricos. O fato de que tão poucas empresas estejam monitorando suas emissões de gases de efeito estufa, ou se preparando para lidar com uma exposição crescente aos riscos hídricos, demonstra que o desafio é considerável. Ainda assim, é um desafio que pode ser superado.
CDP Supply Chain: o futuro
Ainda que em meio a tamanhos desafios, novas ferramentas têm surgido. Em 2017, o CDP ampliará sua iniciativa de modo a considerar as florestas e entender como as cadeias de suprimentos estão monitorando e combatendo o desmatamento. Fornecedores, portanto, devem estar preparados para alcançar um novo patamar e dar os próximos passos.
O Programa CDP Supply Chain oferece uma oportunidade excepcional para a gestão de sustentabilidade baseada em dados. As empresas compradoras devem utilizar esses dados. Os investidores devem utilizar esses dados. Todos nós, como consumidores, devemos utilizar esses dados.
O tempo do discurso chegou a fim. A inovação e as tecnologias emergentes já nos permitem romper a complexidade das cadeias de suprimentos. As organizações compradoras têm a oportunidade de demonstrar sua liderança por meio do planejamento e da tomada de decisões, baseados em dados e evidências. Métricas tradicionais de sustentabilidade podem estar próximas ao fim da linha, à medida que se tornam menos úteis para rastrear impactos financeiros e, portanto, influenciarem decisões-chave dentro das empresas. Análises mais sofisticadas, por sua vez, podem ser traduzidas em números significativos, como a exposição financeira a extremos climáticos, a perda de capital natural ou os impactos sobre o fluxo de caixa, positivos e negativos, em decorrência de instrumentos de precificação de carbono.
As empresas têm o poder e o potencial de aprofundar seu engajamento e trabalhar em conjunto com suas cadeias de suprimentos, de modo a contribuir para a co-criação de um futuro de baixo carbono. O lançamento do relatório do CDP Supply Chain América Latina 2016, elaborado pela equipe da WayCarbon, será realizado no dia 7 de fevereiro, de 8:30 a 12:00, no Teatro Vido (Av. Dr. Chucri Zaidan, 2460 – São Paulo).
Você pode acessar o relatório completo do CDP Supply Chain América Latina clicando aqui.
Henrique Pereira
Henrique é graduado em Relações Internacionais, Pós Graduado em Tecnologias Ambientais e Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Co-fundador e CEO da WayCarbon, é um eterno otimista e acredita que as pessoas possuem todo o potencial de transformação e mudança que o mundo precisa. Vive o desafio de empreender e de compartilhar os valores da sustentabilidade. Mora na cidade, mas gosta mesmo é da roça: de comida no fogão a lenha, das cavalgadas pelo Rio Indaiá e dos casos que parecem mentira.