Como atuar no mercado de carbono?
Os mercados de carbono vêm crescendo expressivamente nos últimos anos no mundo. O mercado voluntário ultrapassou a marca de US$ 2 bilhões em 2022¹. Já o mercado regulado, no mesmo período, passou a 23% de emissões globais, o equivalente a 12 GtCO2e². Nesse mercado, créditos de carbono, gerados por projetos de redução ou remoção de emissões de GEE, são adquiridos por empresas ou indivíduos com o objetivo de compensar de suas emissões de GEE.
Processo de geração de créditos de carbono
O processo de geração do crédito de carbono envolve diversas etapas. Primeiro, realiza-se a concepção do projeto e elaboração da documentação para registro , contendo detalhes sobre a área, a metodologia registrada a ser implementada, a estimativa de redução de emissões anual, entre outros dados relevantes. Para que o projeto possa ser aprovado, é necessária uma auditoria de validação realizada por uma terceira parte que ateste que o projeto será capaz de gerar créditos de carbono.
Após o registro o projeto pode ser implementado e, periodicamente, deve ser realizado o monitoramento das atividades para o levantamento das reduções ou remoções de GEE. A cada monitoramento deve ser feita uma auditoria de verificação realizada por terceira parte e com esses resultados é possível solicitar a emissão dos créditos de carbono junto ao programa de registro. A compra de créditos para a compensação de emissões pode ser feita direto com os responsáveis pelo projeto ou por intermediários. A figura abaixo resume a sequência das etapas.
Como atuar no mercado de carbono?
Neste contexto, existem variadas formas de atuação para empresas que buscam ingressar nesse mercado e para pessoas de diferentes formações que desejam trabalhar com créditos de carbono. Os atores do mercado podem ser divididos entre aqueles que atuam na oferta dos créditos, atores de demanda e atores transversais à oferta e demanda. A seguir, serão descritas essas formas de atuação.
Proponentes
Entre os atores da oferta, é possível citar o proponente do projeto, o financiador, o desenvolvedor do projeto, o implementador e os fornecedores de tecnologia. Os proponentes do projeto são aqueles que têm o controle e responsabilidade geral pelo projeto, são os “donos”, ou seja, terão a posse dos créditos após a sua emissão. Um projeto pode ter um ou mais proponentes, sejam eles indivíduos ou organizações.
Financiadores
Como não necessariamente os recursos financeiros para o projeto virão do proponente, o projeto pode ter financiadores. São, geralmente, investidores ou instituições financeiras, que disponibilizem capital para o desenvolvimento de projetos de carbono diretamente ou por meio de fundos.
Desenvolvedores
Considerando que, para a elaboração da documentação necessária para o registro e análise de como deverá ser implementada a metodologia, é necessário um conhecimento técnico, um projeto necessita de desenvolvedores. São responsáveis pela extração de dados, análises, identificação das metodologias aderentes e elaboração dos documentos necessários para registro do projeto.
Implementadores
Para a implementação e operação do projeto, é necessário que haja implementadores, geralmente empresas ou ONGs locais, que trabalham de forma contínua a operação in loco. E, por diversas vezes, a tecnologia para implementação ou monitoramento dos projetos de carbono virá de fornecedores de tecnologia.
Compradores
Já do lado da demanda, há compradores finais, interessados na aquisição de créditos para suas próprias compensações de emissões, e compradores intermediários que ligarão projetos a compradores finais. Compradores intermediários podem ser traders, que realizam a revenda de créditos aproveitando da valorização dos créditos no mercado para capitalização, ou brokers, que ganham comissões sobre as vendas.
Atores de apoio
Apoiando o processo de geração de crédito há: os programas de registro, também conhecidos como standards, que são instituições que atuam na delimitação de critérios, regras e metodologias para emissão do crédito de carbono. Além dos auditores de terceira parte, que auditam as atividades do projeto e suas reduções ou remoções de emissões de GEE de acordo com as regras do standard e da metodologia do projeto.
Outro participante de grande relevância é a comunidade local, por vezes composta por populações indígenas e tradicionais, impactada diretamente pelas atividades dos projetos e devem fazer parte do processo de elaboração. Existe também a possibilidade de atuação de organizações sem fins lucrativos, instituições governamentais, figuras políticas, escritórios de advocacia, entre outros.
Uma empresa pode ter mais de uma forma de atuação no mercado de carbono?
Por vezes, a mesma empresa pode ter uma ou mais formas de atuação, isso demonstra transversalidade das formas de atuação no mercado de carbono. Tem-se percebido um movimento de empresas que já atuavam de alguma forma no mercado de se tornarem proponentes de projetos.
Por exemplo, cada vez mais compradores finais também têm atuado como proponentes e/ou financiadores de projetos de carbono devido à escassez de determinado tipo de crédito ou busca pela garantia de atendimento à sua demanda. Outro exemplo é o de empresas desenvolvedoras, que geralmente eram procuradas por proponentes, e que passaram a buscar parceiros para ser as proponentes de projetos.
Qual é o contexto brasileiro?
Embora ainda não haja um mercado regulado no Brasil, há um mercado voluntário, no qual existem mecanismos de compensação de emissões de gases de efeito estufa (GEE). Para saber mais sobre as empresas que atuam em cada um desses papéis e as barreiras e oportunidades para cada forma de atuação, leia o relatório Oportunidades para o Brasil em mercados de carbono 2022 , desenvolvido por ICC Brasil e WayCarbon.
Quer entender melhor o como sua empresa pode atuar no mercado de carbono? Entre em contato com nossos especialistas.
Referências
¹FOREST TRENDS’ ECOSYSTEM MARKETPLACE. The Art of Integrity: State of the Voluntary Carbon Markets 2022 Q3 Insight Briefing. In: 2022.Disponível em: https://www.ecosystemmarketplace.com/publications/state-of-the-voluntary-carbon-markets-2022/.
² WORLD BANK. Carbon Pricing Dashboard | Up-to-date overview of carbon pricing initiatives. [s. l.], 2022. Disponível em: https://carbonpricingdashboard.worldbank.org/map_data.
³ ICC BRASIL; WAYCARBON. Oportunidades para o Brasil em mercados de carbono. Brasil: ICC Brasil e WayCarbon, 2022. Disponível em: https://conteudo.waycarbon.com/oportunidades-para-o-brasil-em-mercados-de-carbono-2022