Produtos Carbono Neutro: um compromisso das empresas e do mercado com a responsabilidade climática

produtos carbono neutro

Especialmente em sociedades modernas e altamente industrializadas, as atividades do dia a dia emitem gases causadores do efeito estufa, os chamados GEE. Esses gases acumulam-se na atmosfera, sendo os principais agentes da mudança do clima. Nesse cenário, a preocupação com o aumento da temperatura do planeta ganhou espaço prioritário em discussões na sociedade, mobilizando governos, empresas e indivíduos focados em mitigar as emissões de GEE dos mais diversos setores da economia, além de buscar novas soluções para frear os impactos da mudança do clima no mundo.

Nesse contexto, cresce também a preocupação das pessoas com os produtos e marcas que consomem no dia a dia. A cobrança por transparência por parte dos fabricantes de produtos passa a fazer parte da lógica de mercado, que, na última década, precisou se adaptar.

Em meio a esse movimento de mudança de perspectiva do consumidor e das empresas, os estudos de análise da Pegada de Carbono vem ganhando destaque no mercado corporativo e os produtos carbono-neutro figuram como sinônimo de compromisso e responsabilidade climática frente o consumidor.  Mas você sabe o que esses termos significam?

Pegada de Carbono: o que é e como medir

O termo Pegada de Carbono diz respeito a um estudo que estima o impacto de atividades variadas em nossa atmosfera a partir do mapeamento da quantidade de gases variados – como o dióxido de carbono (CO2) – que essas atividades emitem. Advém daí o termo ‘pegada de carbono’, pois ele remete à quantidade de gás carbônico deixada como ‘rastro’ nas mais variadas atividades. É possível medir a pegada de carbono, por exemplo, das operações de uma companhia, de eventos, de produtos e até mesmo de indivíduos. Essa medida é apresentada em kg ou toneladas de em CO2e, ou seja, em kg ou toneladas de CO2 equivalentes aos variados gases de efeito estufa emitidos.

Para saber qual é a pegada de carbono de um produto, por exemplo, é preciso mapear toda sua cadeia de valor, de forma a considerar toda atividade potencialmente geradora de GEE direta ou indiretamente ligadas ao seu ciclo de vida, que inclui a fabricação das matérias primas, processo produtivo, produção das embalagens, distribuição, uso e descarte. Esta visão holística das interações dos produtos com o meio ambiente é oriunda da metodologia que serve de base para os principais estudos de pegada de carbono, a Avaliação de Ciclo de Vida (ACV), que é utilizada desde a década de 60 para quantificar impactos ambientais de produtos e serviços.

Um exemplo: imagine um determinado produto de varejo, que é produzido nacionalmente e vendido em algumas lojas em uma capital do país.

Primeiro, é levado em consideração as emissões da produção dos insumos (ou matéria-prima) desse produto, em seguida, do transporte dos insumos para a fábrica. As emissões provenientes de todo o gasto energético , uso de materiais e de processos industriais e/ou agrícolas do processo produtivo são mapeadas e, em seguida, os gastos para embalagem e acondicionamento. Logo após, calcula-se a quantidade de carbono emitida para o transporte desse produto finalizado para os centros de distribuição, que leva até os pontos de venda. O transporte até o consumidor é medido em seguida e, depois, calcula-se o uso desse produto e, por fim, seu descarte e, quando aplicável, o descarte também de suas embalagens.

A soma de toda emissão de GEE envolvida nesse processo complexo é a pegada de carbono desse produto. Esse valor pode ser dado por unidade do produto, kg, embalagem, etc.

E por que isso é importante? Entender a pegada de carbono dos produtos é essencial para empresas que querem dar um passo na direção de uma economia de baixo carbono, diminuindo seus impactos na mudança do clima e contribuindo para um futuro socioambiental de mais responsabilidade.

Ao conhecer a pegada de carbono de um produto, as empresas podem, primeiramente, identificar oportunidades de melhorias em suas operações, podendo utilizar esses dados e esse conhecimento para desenvolver estratégias de mitigação de emissões de GEE. E, em seguida, começar a trabalhar na compensação dessas emissões. Assim, podemos entender o mapeamento da pegada de carbono como um dos primeiros passos na busca por desenvolver produtos e, consequentemente, negócios, que sejam carbono neutro.

O que é um produto Carbono Neutro?

Nos últimos anos, é possível acompanhar uma tendência de crescimento de produtos carbono neutro no mercado. Ou seja, para além das empresas se preocuparem com a geração de energia e as emissões causadas pelas suas operações do dia a dia, cada vez mais os produtos que chegam até o consumidor final também estão sendo analisados cautelosamente quanto ao seu impacto no meio ambiente.

Para entender o que faz um produto ser carbono neutro é preciso lembrar do conceito de emissão de GEE, da pegada de carbono e entender o que é a compensação dessas emissões. Para que um produto seja carbono neutro, todas as emissões mapeadas na sua pegada de carbono precisam ser devidamente compensadas, de modo a neutraliza-las. Essas compensações, em geral, podem ser feitas por meio de projetos certificados e reconhecidos que possuem foco na redução de emissões ou até mesmo sequestro ou remoção. Alguns exemplos são: geração de energia a partir de gás metano em aterros sanitários, projetos de substituição de combustíveis, de geração de energia renovável e projetos de redução de emissões provenientes de desmatamento e degradação florestal (REDD).

Para as pessoas, fazer uso de produtos carbono zero é uma forma de participação individual na agenda climática por meio de escolhas de estilo de vida e consumo.

Grandes marcas na trajetória de baixo carbono

Em 2020, Tim Cook, CEO da Apple afirmou que “as empresas têm uma grande oportunidade de ajudar a construir um futuro mais sustentável, nascido de nossa preocupação comum com o planeta que compartilhamos”. Na mesma ocasião, a empresa estadunidense anunciou o compromisso de ser 100% carbono neutra em seus produtos e cadeia de mantimentos até 2030.

Compromissos como esse estão ficando cada vez mais comuns à medida que outras empresas de alcance multinacional assumem metas semelhantes. Mais de 100 companhias de grande porte e governos estão à frente de ações de redução – ou neutralização – de suas emissões por meio de soluções inovadoras e metas agressivas desde 2019, segundo uma lista publicada pela Forbes. Entre elas, estão a Coca-Cola, que assumiu compromisso de 25% de redução em sua pegada de carbono até 2025, Microsoft, McDonald’s, Nestlé, Disney e outros.

Esse movimento crescente de posicionamento sustentável de marcas é um enorme passo para a consolidação da agenda socioambiental ao redor do mundo, pois estimula o movimento de outras empresas em direção a uma economia de baixo carbono e, além disso, amplia o diálogo sobre questões climáticas com os consumidores. Tudo isso contribui para que cada vez mais as relações de consumo tenham impacto socioambiental positivo, na busca de recuperar os danos causados pela mudança do clima.

Programa Amigo do Clima da WayCarbon

O Programa Amigo do Clima vem trabalhando com empresas brasileiras que desejam compensar a pegada de carbono dos seus produtos. Com apoio da equipe, empresas podem realizar a pegada de carbono de suas operações e seus produtos, possibilitando o lançamento de artigos carbono neutro para o mercado. Esses produtos recebem o selo de Amigo do Clima, que atesta que as emissões de GEE daquele produto foram compensadas, a partir de um recorte definido de tempo.

Conheça algumas ações de compensação de carbono desenvolvidas junto ao Programa Amigo do Clima:

pantys

Pantys

Desde sua criação a Pantys já estava ligada à agenda sustentável, afinal, o carro chefe da marca – as calcinhas absorventes – foram pensadas para reduzir a quantidade de absorventes descartáveis que são despejados diariamente ao redor do mundo. Então, com uma mentalidade direcionada para a redução dos impactos socioambientais, não demorou muito para a Pantys buscar neutralizar as emissões de GEE advindas da fabricação dessas calcinhas.

Em 2020, a companhia realizou o projeto da pegada de carbono de todos os seus produtos, por meio da medição das emissões de GEE de materiais, transporte, produção, embalagem, uso e descarte de todos os modelos de calcinhas da marca. Após um estudo bastante complexo e aprofundado, a Pantys compensou essas emissões por meio da compra de créditos de carbono de projetos apoiados pelo Amigo do Clima, como projeto de preservação da floresta amazônica no norte do país e o investimento na implantação e operação de usinas eólicas no Nordeste. Dessa forma, a Pantys se tornou a primeira empresa do setor de varejo de moda no Brasil a ter toda a linha de produtos carbono neutro.

E, para reafirmar o compromisso com a agenda sustentável, a empresa também convidou as consumidoras para uma reflexão sobre a pegada de carbono dos produtos utilizados, adicionando uma etiqueta com essa informação nas calcinhas, além de incentivar outras marcas a realizarem ações semelhantes.

Conheça um pouco mais sobre o caso da Pantys neste link.

cerveja praya

Cerveja Praya

A Praya foi a primeira cerveja do Brasil a compensar as suas emissões de carbono, relativas aos anos de 2020 e 2021! Além de ser mais uma empresa com o selo do Amigo do Clima, a cerveja Praya também realizou um extenso mapeamento da sua pegada de carbono, começando pela análise dos fornecedores de matéria prima, passando pelas fábricas, logística de distribuição, pontos de venda, refrigeração para manutenção e terminando no descarte. Então, após a mitigação das emissões de GEE onde havia oportunidade, a cervejaria honrou com o compromisso de compensar as emissões remanescentes, lançando a primeira cerveja carbono neutra do país.

Em seu site oficial, a Praya afirma que: “Nós da Praya, que temos no nosso DNA as praias, mares e a natureza brasileira, queremos mostrar que mesmo uma cerveja pequena e independente, pode crescer dando atenção e centralidade ao meio ambiente a ao futuro do planeta”

Ao todo, entre as emissões de 2020 e as previstas para 2021, foram mais de 3 mil toneladas de CO2 equivalente compensadas por meio de investimento no Projeto de Carbono no Aterro Bandeirantes, que coleta o gás do aterro e o utiliza para a geração de energia elétrica sustentável, substituindo a utilização de combustíveis fósseis, que são altamente emissoras de GEE.

Veja mais sobre o projeto da cervejaria Praya clicando aqui.

nude

Nude

Aos poucos, cada vez mais empresas do ramo alimentício buscam soluções para oferecer aos consumidores produtos mais conscientes e provenientes de menos impacto negativos para o planeta. Um desses produtos é o leite de aveia Nude, que além de ser 100% orgânico, vegano e produzido com aveia brasileira, também é Amigo do Clima!

Por meio do projeto de mapeamento da pegada de carbono e compensação das emissões, o Nude se tornou o primeiro leite vegetal carbono neutro do mercado. E o mais legal é que a empresa foi fundada em 2020, ou seja, a Nude já nasceu uma empresa focada na sua responsabilidade climática, mostrando a preocupação em ser um negócio carbono neutro desde sua fundação. A sua ideia é oferecer opções que podem transformar hábitos simples em impacto positivo para o meio ambiente. A empresa também está encabeçando a campanha “mostre seus números”, que encoraja outras empresas a divulgarem a sua pegada de carbono.

Saiba mais sobre o projeto da Nude clicando aqui.

NUU

Nuu Alimentos

A Nuu Alimentos é mais uma empresa do ramo alimentício que está buscando fazer a diferença no mercado brasileiro. Com produtos tradicionais na mesa dos consumidores, como o pão de queijo Nuu, a marca também busca oferecer ao mercado produtos responsáveis e engajados com a questão climática.

Em 2021, a Nuu buscou mapear a pegada de carbono de todos os seus produtos para oferecer pães de queijo – um dos produtos mais consumidos em várias regiões brasileiras – palitinhos de tapioca e pizza que também sejam carbono neutro. Com o projeto ainda em andamento e previsão de lançamento em julho de 2021, a Nuu promete embarcar na perspectiva de negócio diretamente ligada à agenda sustentável.

Saiba mais sobre o projeto da NUU clicando aqui.

Conclusão

A preocupação com a agenda climática vem ganhando espaço não só no mercado, mas também dentro das casas das pessoas. Por meio de escolhas individuais e mudanças em hábitos de consumo e estilo de vida, o consumidor está buscando relações mais transparentes com os produtos e os impactos causados por eles no meio ambiente. Pensando nisso e nas diferentes maneiras de se buscar frear as consequências negativas da mudança do clima, grandes marcas no Brasil e no mundo já estão se comprometendo com metas de redução e compensação das suas emissões de GEE.

O programa Amigo do Clima da WayCarbon vem auxiliando empresas brasileiras a entenderem melhor a sua pegada climática, mostrando oportunidades relevantes de compensação de GEE e auxiliando na jornada para uma economia de baixo carbono. Exemplos como o da Pantys, Praya, Nuu Alimentos e do leite de aveia Nude mostram como a criação de produtos menos carbono intensivos podem auxiliar na criação de uma relação mais saudável e transparente entre marcas e indivíduos. Assim, as pessoas podem, também, apoiarem a mudança do impacto do consumo no meio ambiente.

Conheça mais sobre outros projetos que também são amigos do clima!

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