Dia Mundial do Meio Ambiente: já é hora de falarmos sobre o lixo plástico?
“Acabe com a poluição plástica”. Esse é o chamado das Nações Unidas para o Dia Mundial do Meio Ambiente 2018. O mote deste ano une esforços à campanha #MaresLimpos, promovida pela ONU Meio Ambiente, que visa o combate à poluição marítima. Dentro deste contexto, a poluição plástica tem figurado como uma das principais fontes de problemas para o meio ambiente.
Segundo a entidade ONU BR, se nenhuma medida de enfrentamento ao problema for tomada, no ano de 2050 haverá mais plástico do que peixes nos oceanos. Pasme: em todo o planeta são consumidas mais de 500 bilhões de sacolas plásticas por ano, por exemplo. E essa tendência tende a aumentar. Na última década foi produzido mais plástico do que em todo o século passado!
Por isso, no Dia Dia Mundial do Meio Ambiente, vamos entender melhor a importância do chamado das Nações Unidas a respeito do plástico. Continue acompanhando.
Dia Mundial do Meio Ambiente
Como já dissemos aqui em outras oportunidades, em 1972, durante Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano (UNCHE), que também ficou conhecida como Conferência de Estocolmo, foi criado o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data coincide com a realização do encontro, com o objetivo de atrair a atenção da sociedade para os problemas ambientais do planeta e para o debate sobre a urgência de preservação dos recursos naturais.
Nessa ocasião, as questões ambientais foram tratadas a partir de um novo olhar, com o reconhecimento das contradições entre o crescimento econômico e a preservação do meio ambiente. Assim, alguns princípios para orientar a política ambiental do planeta foram estabelecidos com o objetivo de ampliar a proteção dos recursos naturais.
Desde então, o Dia Mundial do Meio Ambiente se tornou uma das principais plataformas para conscientizar e sensibilizar a população a respeito da proteção da natureza. Todos os anos a ONU elege um tema específico para ser abordado em todo o mundo, evidenciando questões pontualmente preocupantes.
Um olhar sobre o plástico
A cada minuto, são comercializadas por volta de 1 milhão de garrafas plásticas no planeta. Além disso, 90% das embalagens de água engarrafada também possuem microplásticos em sua constituição – fragmentos milimétricos (geralmente considerados abaixo de 5mm) derivados de material plástico como poliestireno, polietileno, poliéster, entre outros. Os microplásticos podem ser bastante nocivos à saúde dos ecossistemas marinhos e ao trato humano e animal, devido à possibilidade de adesão de poluentes orgânicos persistentes (POPs — derivados de pesticidas e químicos industriais) em sua superfície. Saiba mais sobre microplásticos clicando aqui.
Segundo a ONU BR, metade do plástico consumido pelas pessoas é descartável. Do montante desse plástico descartado, 13 milhões de toneladas vão parar nos oceanos, todos os anos. Esse nível de descarte prejudica por volta de 600 espécies marinhas, sendo que 15% dessas já estão ameaçadas de extinção. Não tem sido raro ver na mídia, por exemplo, notícias em que baleias, tartarugas e demais espécies marítimas são encontradas mortas nas praias, com os corpos cheios de dejetos plásticos.
A Ilha de Plástico do Oceano Pacífico
Você já ouviu falar de uma ilha de plástico flutuante no oceano, muito maior do que vários países da Europa? Não, isso não é uma lenda da internet!
A Ilha de Plástico do Pacífico realmente existe e foi descoberta pelo oceanógrafo Charles J. Moore, em 1997, entre as costas dos estados norte-americanos da Califórnia e Havaí. A ilha é composta por dejetos, em grande maioria materiais plásticos, e tem cerca de 80 mil toneladas de lixo. Segundo um estudo científico publicado na revista Scientific Reports, a mancha de lixo tem uma área de aproximadamente “duas Franças”, por volta de de 1,6 milhões de quilômetros quadrados.
O lixo é proveniente de vários países e tem sua origem no descarte incorreto dos materiais em cursos d’água, que acabam por desaguar no oceano. As correntes marítimas do Pacífico colaboram para acumular os dejetos na região, em uma tendência que só aumenta.
Índia: capital da Semana Mundial do Meio Ambiente 2018
Neste ano, a Índia sedia as comemorações da Semana Mundial do Meio Ambiente. A campanha visa a conscientização para que os governos, o setor privado e os indivíduos reduzam a produção e o consumo exacerbado de produtos plásticos descartáveis no mundo.
O Ministério do Meio Ambiente do Brasil (MMA) afirma que, por hora, são distribuídas cerca de 1,5 milhões de sacolinhas plásticas no país. Já o governo indiano afirma que o país produz 5,6 milhões de toneladas de plástico por ano. Ao longo da campanha do Dia Mundial do Meio Ambiente, a Índia promoverá mutirões de limpeza em áreas públicas, reservas nacionais, florestas e praias. O objetivo dos eventos é despertar o interesse e a mobilização da população.
Apesar de possuir medidas que incentivem o fim do consumo plástico, como a proibição de sacolas e embalagens de plástico em Nova Délhi (capital do país) desde 2009, a determinação não tem sido respeitada. As periferias da cidade têm sofrido com o acúmulo de plástico em canais e rios, como na cidade de Taimur Nagar. A situação se agrava principalmente nas cidades em que a população não possui acesso a boas condições econômicas. Contudo, o governo indiano afirma que o país possui umas das mais altas taxas de reciclagem do mundo.
O diretor-executivo da ONU Meio Ambiente, Erik Solheim, afirmou que este é um momento importante para reverter a maré de poluição global. “Precisamos encontrar soluções melhores e mais rápidas do que nunca. Desistir não é uma opção para nós. Agora é a hora de agir juntos — independentemente da nossa idade — pelo bem do nosso planeta”, disse ele.
Segundo a ONU, mais de 100 países já se uniram e se comprometeram com os objetivos do Dia Mundial do Meio Ambiente 2018, inclusive em atividades de limpeza de praias e florestas, além do anúncio da implementação de políticas públicas para o descarte correto do plástico.
Polietileno verde: uma revolução na pegada de carbono do plástico
Apesar do consumo excessivo de plástico para grande parte da sociedade, esse material não pode ser visto apenas como vilão da natureza. Ao longo da história, o plástico revolucionou e simplificou processos, sendo imprescindível em vários contextos da atualidade.
Mas, como aliar a necessidade dos produtos plásticos com a melhora da sua pegada ambiental? A Braskem, a maior empresa produtora de resinas termoplásticas das Américas, parece ter encontrado um dos caminhos que passam por esse objetivo, principalmente no que tange a sua contribuição para a redução dos gases de efeito estufa (GEE) e o aquecimento global.
Em 2010, a Braskem passou a produzir comercialmente o “polietileno verde I’m GreenTM“, a solução plástica da empresa produzida a partir do etanol da cana-de-açúcar, uma matéria-prima renovável. O plástico tradicional é gerado a partir de fontes fósseis, como petróleo e gás natural, matérias-primas de fonte não-renovável que possuem um grande potencial de emissão de GEE. Por isso, o polietileno verde auxilia na diminuição das emissões de gases de efeito estufa por capturar e fixar gás carbônico da atmosfera ao longo da sua produção.
Além disso, o polietileno verde é uma matéria 100% reciclável, tanto quanto o plástico tradicional, justamente porque mantém as mesmas propriedades do polietileno de origem fóssil, podendo ser utilizado com a mesma versatilidade e desempenho.
Inclusive, a partir da parceria com a empresa americana Made In Space, desde 2016 o Polietileno Verde I’m GreenTM passou a ser utilizado na Estação Espacial Internacional (ISS), para a fabricação de objetos via impressão 3D. E, a partir do segundo semestre de 2018, a parceria se estenderá também para a instalação de uma recicladora de plástico na Estação Espacial Internacional, visando a reciclagem de objetos e embalagens plásticas no espaço. A medida tem por objetivo completar o ciclo sustentável do plástico na ISS.
Na Terra, a Braskem impulsiona a plataforma Wecycle, iniciativa que visa o fomento de negócios que valorizem o reuso e a reciclagem de resíduos plásticos. Você pode conhecer mais sobre a plataforma Wecycle clicando aqui.
Para além da Estação Espacial Internacional, o plástico I’m Green já está presente também em 150 marcas na Europa, Estados Unidos, África, Ásia e América do Sul. O material tem sido utilizado para produzir embalagens de alimentos, produtos de higiene e bens duráveis, como cadeiras e vasos. E, ainda em 2018, o polietileno verde começa a ser utilizado também em algumas linhas de produtos do Grupo Lego, a gigante dinamarquesa conhecida pelos brinquedos plásticos no mundo. Uau!
Parley e Adidas: uma solução ambiental para o negócio
Um dos principais desafios para a questão do plástico é o descarte incorreto, que acaba por fazer com que os objetos cheguem até os oceanos. Pensando nisso, a marca Adidas se uniu à Parley, empresa especializada em conscientização, preservação e limpeza dos mares, para dar um novo destino aos materiais plásticos que terminariam no oceano.
A Parley é constituída por uma rede global de criadores, pensadores e líderes que trabalham em projetos com o objetivo de preservarem os oceanos. A iniciativa age em três níveis:
- Medidas que ajudem a substituir e abolir o plástico virgem da cadeia de suprimentos.
- Medidas para recuperar dejetos plásticos, impedindo que eles cheguem até os oceanos.
- Medidas de inovação ecológica para materiais, produtos e novas formas de usá-los.
A partir dessas medidas, surgiu o Parley Ocean Plastic: material produzido a partir de lixo reciclado e retrabalhado, recolhido nas praias e comunidades costeiras.
E é com esse material que a Adidas vem produzindo seus novos artigos esportivos de alta performance, como o tênis de corrida Adizero Prime Parley. O produto já foi utilizado por atletas profissionais em competições oficiais pelo mundo.
Além disso, os clubes de futebol Real Madrid, Manchester United, Juventus, Real Madrid, Bayern de Munique também já possuem uniformes de jogo ou de treino feitos com Parley. Incrível, não é?
Essas são só algumas provas de que um futuro rentável e mais sustentável é possível! E você, conhece alguma outra tecnologia inovadora a partir da reciclagem de plástico ou outros materiais? Conte para nós!