Inventários de GEE em cidades: qual a importância?
Dada a grande preponderância das cidades sobre o agravamento do fenômeno da mudança climática, torna-se imperativa a gestão diligente das emissões de gases de efeito estufa em centros urbanos. Novamente citando Robert Kaplan e David Norton, “o que não é medido não é gerenciado”. Muitas foram as compilações de inventários de GEE em cidades , e que, até mesmo, traçaram metas de redução de emissão.
Como urbanização influencia os inventários
Segundo a ONU, aproximadamente metade da população mundial habita, hoje, as cidades. Em 1950, éramos cerca de 750 milhões vivendo em centros urbanos. Em 2011, esse número saltou para 3,6 bilhões. Projeções indicam que, até 2030, quase 60% da população mundial viverá em áreas urbanas.
Esse processo de urbanização implica em grandes desafios de redução de pobreza, gerenciamento de recursos naturais, proteção ao meio ambiente e de enfrentamento às mudanças climáticas. Nesse último caso, vale destacar que apesar de ocuparem apenas 2% da superfície terrestre, as cidades são responsáveis por até 70% das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE).
Como desenvolver inventários de GEE em cidades?
Contudo, até recentemente não existia uma metodologia de aplicação global que fornecesse orientações consistentes para a condução de levantamentos de emissões de GEE no nível de cidade. Nesse sentido, os inventários das cidades, em maior ou menor grau, se apropriavam de conceitos oriundos das diretrizes do IPCC para inventários nacionais, da ISO 1064-1 e do GHG Protocol (sendo os últimos 2 aplicáveis a compilação de inventários de organizações). Ademais, não havia consenso entre formas de hierarquização, categorização e agregação de fontes de emissão.
Dessa maneira, muitos foram os inventários compilados de maneira inconsistente. Por esse motivo, os resultados desses levantamentos não eram facilmente comunicáveis aos governos locais, sub-nacionais e nacionais, instituições de financiamento e para o setor privado. Ademais, a ausência de uma abordagem comum previne a comparação entre cidades e o acompanhamento de séries históricas de emissão e reduz a habilidade das cidades de demonstrar o impacto agregado de ações locais.
O GPC
Visando resolver essa questão, ICLEI – Local Governments for Sustainability, C40 – Cities Climate Leadership Group, em colaboração com o Banco Mundial, UN-HABITAT e UNEP – United Nations Environment Program, lançaram em maio de 2012 a versão piloto do Global Protocol for Community-Scale Greenhouse Gas Emissions (GPC).
Entre maio e dezembro de 2013, 35 cidades ao redor do mundo testaram a versão piloto do GPC. Dentre essas cidades há 4 cidades brasileiras: Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Goiânia. Destaco que o inventário das cidades de Goiânia e Belo Horizonte foi elaborado pela WayCarbon. A partir das experiências nesse teste será elaborada uma versão final do GPC, cujo lançamento está previsto para 2014. Ainda, para 2015 está previsto o lançamento de uma expansão do GPC, que trará orientações detalhadas para emissões de escopo 3, que auxiliará as cidades e comunidades a medir (e, portanto, gerenciar) sua contribuição de GEE em todo o alcance de suas emissões diretas e indiretas.