Estudo avalia o mercado de finanças sustentáveis no Brasil
O objetivo do estudo é apresentar as tendências, tipos de instrumentos, desafios e inovações no mercado de finanças sustentáveis.
O valor total de títulos e empréstimos ambientais e/ou sociais emitidos em um ano pelo mercado global de finanças sustentáveis chegou em USD 4,0 trilhões em 2021. Porém, a América Latina foi responsável por menos de 1% desse montante. É o que mostra o estudo “O mercado de finanças sustentáveis no Brasil em 2022: Produtos, tendências, perspectivas e vozes do mercado”, publicado em fevereiro deste ano pelo projeto Finanças Brasileiras Sustentáveis (FiBraS). Entre os autores da publicação estão Laura Albuquerque (Gerente) e Fabiana Assumpção (Analista) da área de Finanças Sustentáveis da WayCarbon.
O estudo indicou ainda que mesmo que a América Latina não esteja tão representada nos números mundiais, no Brasil, as operações de títulos sustentáveis também estão crescendo e bateram novos recordes. Em 2021, foram emitidos USD 15,80 bilhões em títulos e empréstimos ambientais, um aumento de 177% em relação a 2020, conforme informações da SITAWI e da Climate Bond Initiative (CBI).
O que são Finanças Sustentáveis?
Como aponta o relatório, as Finanças Sustentáveis representam “a integração dos aspectos de sustentabilidade nos processos de tomada de decisão, nas políticas e nos arranjos institucionais dos atores do mercado financeiro”. Portanto, contribuem para a mitigação dos riscos ESG (Ambientais, Sociais e de Governança) e o desenvolvimento de uma economia sustentável.
Um dos exemplos dessa prática é o projeto Pecuária Verde. Desenvolvido pelo Banco da Amazônia, utilizando um estudo de viabilidade feito pela WayCarbon. O instrumento financeiro objetiva a geração de crédito para estimular produtores rurais a abandonarem práticas de desmatamento e adotar técnicas sustentáveis de produção menos carbono intensivas. Como benefício, o Banco oferece assistência e capacitação técnica para os produtores rurais, além da criação de um sistema de monitoramento escalável durante todo o ciclo de financiamento.
Seis tendências para o mercado de finanças sustentáveis
O documento apontou seis tendências para o mercado no Brasil nos próximos anos. São eles:
- o aumento das emissões de títulos verdes e de títulos atrelados a metas ESG;
- a maior participação dos bancos via empréstimos e letras financeiras (títulos de renda fixa de médio e longo prazos);
- as crescentes cobranças dos investidores e da sociedade em relação a boas práticas de sustentabilidade;
- uma maior difusão das melhores práticas ESG no setor financeiro;
- a ampliação das iniciativas regulatórias para reduzir as exposições aos riscos ESG;
- e o suporte às emissões de títulos via instrumentos de blended finance (finanças combinadas, em tradução livre). Trata-se de um modelo de estruturação financeira cooperativo para financiar negócios sustentáveis por meio da união de recursos públicos, privado e filantrópicos.
Após profunda análise, a conclusão dos autores do estudo foi que o mercado de finanças sustentáveis tem forte potencial de expansão, mas os volumes ainda são tímidos para cumprir com os compromissos climáticos almejados. “No Brasil, o mercado e seus participantes estão num processo de aprendizagem e precisam ainda de um tempo de adaptação. À medida que o mercado se tornar mais robusto e maduro, a atuação coordenada dos reguladores e dos líderes políticos será essencial. Nesse novo contexto (…) a coleta e a gestão efetiva dos dados ESG tornar-se-ão elemento fundamental para reportar, divulgar, fiscalizar e eliminar qualquer tipo de greenwashing”, apontam ao final do relatório.
Sobre o estudo
A publicação “O mercado de finanças sustentáveis no Brasil em 2022: Produtos, tendências, perspectivas e vozes do mercado” é uma atualização do estudo “O mercado emergente de finanças verdes no Brasil”, realizado em 2020. O objetivo é apresentar as tendências do mercado, diferentes tipos de instrumentos, desafios e inovações na área de finanças sustentáveis no Brasil.
O material utiliza entrevistas e estudos de casos de atores de diversos segmentos do mercado, para servir como fonte de informação e inspiração para potenciais investidores. Entre os entrevistados estão lideranças do Banco Central, Fundação Getúlio Vargas, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, entre outros.
Realizada pelo projeto Finanças Brasileiras Sustentáveis (FiBraS), a pesquisa tem contribuição de representantes do Laboratório de Inovação Financeira (LAB) e da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN). O LAB é um fórum de interação multissetorial, criado pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em parceria com a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.
Clique aqui para ler o estudo completo.