O que é a metodologia MRV em um planejamento climático?

/ / Nenhuma
Blog MRV

MRV é a sigla para Mensuração/Monitoramento, Relato e Verificação, etapas fundamentais para a execução de qualquer planejamento climático. Seu principal objetivo é o gerenciamento de resultados e impactos das ações de resposta às mudanças do clima. Além disso, a metodologia também pode ser utilizada para auxiliar o planejamento de projetos, a tomada de decisão quanto a investimentos, o processo de geração de créditos de carbono, o estabelecimento de metas e métricas, e a identificar e gerenciar estratégias climáticas. 

Mensuração ou monitoramento 

A etapa de Mensuração/Monitoramento consiste em gerar informações sobre as emissões ou outros indicadores de desenvolvimento sustentável que podem estar relacionados a critérios de mitigação ou adaptação às mudanças do clima. Isso pode ser feito no formato de inventários, de estimativas para elaboração de cenários de emissão, ou na medição de metas e métricas relacionadas ao clima, de forma pontual ou com periodicidade determinada.  

É importante que a contabilização seja feita seguindo ritos padronizados e reconhecidos por entidades referências no tema, como IPCC e GHG Protocol, e, de preferência, sistematizados e geridos com o apoio de calculadoras ou ferramentas e demais tecnologias de medição.  

Relato 

A etapa de Relato diz respeito a divulgação das informações geradas na fase anterior para o público interessado de forma transparente e acessível. Esse relato pode ser interno, de modo a contribuir para a instituição planejar suas ações; ou externo, para instituições reguladoras, mercado financeiro ou sociedade. Essa etapa pode ser feita por meio de instituições de relato (como CDP, ISE e o Programa Brasileiro GHG Protocol), relatórios de divulgação ou até submissão de documentos descritivos a instituições de geração de créditos de carbono (como Verra, Gold Standard e Social Carbon) e plataformas online.. 

Verificação 

Já a etapa de Verificação consiste na análise periódica das informações divulgadas, de modo a aferir confiabilidade ao apresentado. É feita através da devida rastreabilidade e replicação da metodologia utilizada para tratamento e manipulação dos dados. Isso pode ser realizado através da submissão de todo o processo a revisões, como a desenvolvida por auditorias, que podem ser internas ou feitas por firmas independentes. Essa última é obrigatória e de extrema importância em processos em que as informações são utilizadas para fins de geração de créditos de carbono, por exemplo.

MRV e sua importância regulatória 

O MRV já mostrou sua importância para empresas ou instituições de países que possuem um mercado de carbono regulado. Essas necessitam mensurar, relatar e verificar suas emissões para que possam comercializar seus produtos ou serviços. Os dados gerados servem de insumo para estabelecer e acompanhar metas setoriais e nacionais, bem como subsidiar a gestão do desafio climático a nível global. 

Notícias recentes sobre a possível taxação de carbono para produtos importados de países que não possuem mecanismos de regulação adequados acaloraram a discussão sobre tais temas em países onde a mensuração, relato e verificação das emissões são de caráter voluntário. No Brasil, por exemplo, a pressão internacional fez com que o governo avançasse na agenda para a criação de um Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE). 

O decreto nº 11.075, de 19 de maio de 2022, estabelece as diretrizes para o estabelecimento desse mercado, o que inclui a criação do Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Sinare). Entre outros objetivos, o Sinare possui a finalidade de registrar as emissões, remoções, reduções e compensações de gases de efeito estufa mensuradas, relatadas e verificadas das diversas instituições nacionais. 

Todo esse contexto sinaliza uma crescente importância e indica a necessidade de adoção do MRV como metodologia de gerenciamento de emissões e outros indicadores de sustentabilidade. 

Processo de implementação de uma metodologia MRV 

O primeiro passo é entender o nível de maturidade da instituição frente ao tema. Isso pode ser feito através de diagnósticos a respeito da cultura da instituição, da familiaridade com o tema de mudança do clima e gerenciamento de resultados e impactos, além do entendimento acerca dos recursos necessários para implementação da metodologia, como disponibilidade e levantamento de dados específicos. 

De acordo com o estudo “Entendendo a Mensuração, Relato e Verificação da Mitigação da Mudança do Clima”, da WRI, para aplicar as três etapas são necessárias quatro capacidades principais: institucional, humana, técnica e financeira.  

A esfera institucional diz respeito à capacidade da empresa ou instituição de instauração de processos apropriados para a execução da metodologia, o que compreende estruturas para definição de responsabilidades, atores de liderança e coordenação, e processos operacionais. 

Já a capacidade humana diz respeito aos recursos humanos necessários para operacionalizar a metodologia. Além da disponibilidade, destaca-se a necessidade de habilidades tanto gerenciais quanto técnicas na abordagem da mudança do clima.  

A capacidade tecnológica consiste na disponibilidade de metodologias ou ferramentas apropriadas para a coleta, armazenamento e gestão de dados. Por fim, a capacidade financeira consiste na garantia da implementação e manutenção da aplicação da metodologia MRV, que pode envolver investimentos da instituição. 

Após o diagnóstico de maturidade é possível elaborar um plano para implementação gradual da metodologia, de acordo com o objetivo de cada instituição com o processo. Ao executar o plano de implementação, é importante observar as normas ou guias relacionados existentes dentro de cada local.  

No Brasil, a norma ABNT NBR ISO 14064 é um padrão para gestão de gases de efeito estufa, geralmente observada em contextos de inventários. A norma é dividida em três partes que abordam temas específicos: a primeira traz os requisitos para o desenvolvimento de estruturas de mensuração de GEE’s; a segunda detalha os requisitos para a quantificação, monitoramento e relato de emissões e reduções de emissões; e a terceira fornece os requisitos e orientações para a validação e verificação.  

No âmbito de indicadores de adaptação às mudanças climáticas, é interessante observar que atualmente há poucas orientações ou padrões estabelecidos e globalmente reconhecidos. Entretanto, é necessário incluir e desenvolver essa abordagem no processo de gestão de indicadores climáticos, devido ao agravamento dos impactos previstos. 

É importante, nesse processo de implementação da metodologia MRV, contar com a orientação de profissionais experientes no tema. A WayCarbon tem uma equipe de especialistas que desenvolve ferramentas e calculadoras de MRV climático para as maiores instituições financeiras do país, e que está à disposição para apoiar empresas e instituições de todos os setores no processo de elaboração e implementação, observando objetivos individuais e níveis de maturidade. 

 

?s=90&d=mp&r=g
+ posts
?s=90&d=mp&r=g
+ posts

Like this content?
Share!


background

Subscribe to our newsletter