Intercâmbio de negócios: pesquisadores internacionais mudaram o meu negócio
Inovar e integrar
Talvez um dos principais desafios para empresas de base tecnológica seja o constante esforço gerencial de convergência entre as atividades de inovação e de operação do negócio. A combinação de um ambiente profissional propício ao desenvolvimento e troca de idéias; uma equipe jovem, qualificada e engajada; e um mercado repleto de oportunidades pode, muitas vezes, resultar no caos organizacional. Muita energia e, comumente, pouco foco.
Sei que isso deveria me preocupar mais. Na verdade, acredito que desde que exista uma organização básica nos fundamentos operacionais do negócio essa “bagunça organizada” produz mais resultados positivos que negativos, sobretudo em ambientes que buscam fomentar a inovação. E aqui destaco um ponto importante sobre nosso negócio, no qual produtos consolidados convivem com novas idéias, desenvolvimentos, business canvas e protótipos. A gestão da inovação e do desenvolvimento de novos produtos, seguem, rigorosamente, uma metodologia ágil e estruturadora derivada dos quase 10 anos de experiência na gestão e entrega de projetos complexos. Em outras palavras, uma vez que uma idéia se materializa em um negócio não há espaço para bagunça: prazos, custos, tarefas e esforços são sistematicamente planejados e monitorados.
É notório o espaço que jovens empreendedores e start ups vem ganhando. Sou um entusiasta desse movimento e busco, sempre que possível, acompanhar e apoiar esse ecossistema. Por outro lado, pouco se fala da importância da inovação para empresas já maduras. Neste sentido, nossa história empresarial deixa uma lição fundamental: empreender é reinventar. Portanto, a perenidade de negócios depende de um fluxo de inovação que se inicia em ideias.
Fomentar um ambiente propício à geração de ideias
Assim, é fundamental que a cultura organizacional nutra, como princípio, a geração de ideias. Uma relação horizontal na qual a participação de todos merece o mesmo nível de atenção e de avaliação. Nosso sistema de gestão da inovação, por exemplo, é um canal aberto para qualquer um lançar uma ideia: de negócio, de produto, de melhoria, incluindo as melhorias organizacionais. Um fluxo transparente de coleta, avaliação e hierarquização identifica as ideias alinhadas ao planejamento estratégico da empresa, qualificando-as para gates de aprovação, que podem ser automáticos ou escalados para avaliação e aprovação do conselho de administração.
Qualificar incessantemente a equipe
Idéias precisam ser desenvolvidas e só se tornam negócios por meio de pessoas. A chave da inovação está na materialização de negócios, na capacidade intelectual de transformação de ideias em produtos e serviços, e na habilidade gerencial de planejamento, execução, prospeção e venda. Portanto, uma equipe qualificada é condição fundamental para integrar a inovação ao planejamento estratégico da empresa.
Temos orgulho de estar no mapa de inovação do CNPq. Foi um marco recebermos apoio formal para contratar pesquisadores de alto nível que contribuem para o desenvolvimento de pesquisa aplicada em um ambiente empresarial. E depois de vencida esta barreira inicial da primeira experiência, foi natural a integração da visão empresarial com a de desenvolvimento, pesquisa e inovação.
Neste contexto, a cooperação cresceu: FAPEMIG, FINEP, SebraeTEC e a chegada de nosso primeiro pesquisador estrangeiro, completamente custeado pela Comissão Européia. É inegável que a coluna dorsal de uma empresa que tem a inovação como pilar estratégico são as pessoas. Atualmente, contamos com 85% da equipe com pós-graduação (Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado) e 100% dela engajada com nossos valores e princípios organizacionais. Nada melhor que boas cabeças, de origens distintas e com vivências diversas, para manter a máquina de ideias e de desenvolvimento funcionando a todo vapor.
Intercâmbio de negócios: tempero estrangeiro
Recentemente, adicionamos a essa receita um tempero estrangeiro. O programa de intercâmbio de startups europeias (EU Connect) abriu suas portas para a WayCarbon e recebemos, no último trimestre de 2014, Matteo Giacalone, Italiano de Pisa. Após concluir seu doutorado na Scuola Superiore Sant’Anna, em aplicações de sensores ópticos para monitoramento ambiental, Matteo passou quase 5 meses integrado a nossa equipe. As trocas de ideias e experiências foram intensas, contribuindo para o refinamento de produtos da empresa e para o desenvolvimento de novos produtos.
Na semana passada, mais um europeu chegou ao escritório: Ivan Ivanov, da Bulgária, diretor do Laboratório de Segurança e Meio Ambiente (SE&EL) do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Técnica de Sofia. Sua vasta experiência no setor elétrico e na avaliação de riscos ambientais foi identificada como o principal ponto de convergência para os trabalhos que serão desenvolvidos em conjunto nos meses de Junho e Julho. Se ainda não tivemos tempo para avaliarmos os resultados, já tenho na minha frente uma lista (bem grande!) de ideias.
Também estamos recebendo, como parte do Projeto de Intercâmbio de Empresas de Base Tecnológica em Minas Gerais, entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e o Massachussets Institute of Technology (MIT), Samantha Hartzell, pesquisadora e desenvolvedora de modelos de simulação espacial, incluindo tópicos em hidrologia e agricultura. Assim, a equipe em Belo Horizonte tem conversado mais em inglês, ensinado português e tentado aprender um pouco de búlgaro.
Samantha e Ivan ficarão conosco pelos próximos meses, estimulando a troca de habilidades e experiências de inovação tecnológica em um ambiente empresarial. Cada pesquisador estrangeiro que chega traz para a WayCarbon o estado da arte das pesquisas desenvolvidas em instituições de referência mundial, como Sant’Anna, Sofia e o MIT. Cada pesquisador estrangeiro que chega abre seu sorriso e, algumas vezes, uma fisionomia perplexa ao se deparar com a qualidade da pesquisa que vem sendo desenvolvida pela equipe da WayCarbon. Um número expressivo de pessoas são capacitadas com investimentos relativamente pequenos. Conexões são construídas. E a nossa empresa se beneficia em poder contar, mesmo que por pouco tempo, com profissionais brilhantes, competentes e extremamente qualificados. Inovar e integrar passaram a ser palavras chave na estratégia da empresa. Matteo deixou sua marca, agora, Ivan e Samantha assumem a missão de mudar, mais uma vez, o nosso negócio.
Welcome, guys! добре дошъл!
Henrique Pereira
Henrique é graduado em Relações Internacionais, Pós Graduado em Tecnologias Ambientais e Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Co-fundador e CEO da WayCarbon, é um eterno otimista e acredita que as pessoas possuem todo o potencial de transformação e mudança que o mundo precisa. Vive o desafio de empreender e de compartilhar os valores da sustentabilidade. Mora na cidade, mas gosta mesmo é da roça: de comida no fogão a lenha, das cavalgadas pelo Rio Indaiá e dos casos que parecem mentira.