ACV: a ferramenta para a sustentabilidade dos negócios
O ser humano vem transformando o planeta Terra extraindo recursos naturais e processando-os para atender às suas necessidades e desejos. Porém, quem pensa sobre a manutenção dessas condições a longo prazo verifica que os processos produtivos atuais podem não ser sustentáveis, se deparando instantaneamente com dois questionamentos: primeiramente, o que realmente precisamos consumir? Em seguida, como atender às nossas necessidades gerando menor impacto ambiental possível?
Essas não são perguntas fáceis de responder. Contudo, elas esbarram em uma ferramenta que pode nos auxiliar, principalmente em relação à intensidade do uso de recursos naturais nos processos produtivos. Continue acompanhando, vamos falar um pouco sobre Análise de Ciclo de Vida (ACV) – ferramenta que já é utilizada para pensar a Gestão Ambiental (inclusive por nós!).
O que realmente precisamos consumir?
Como você já deve saber, essa pergunta não possui uma resposta imediata. O que para algumas pessoas é necessidade, para outras é desejo. E vice-versa. Além disso, com a rápida evolução tecnológica, as necessidades se modificam todos os dias. Artigos que possuíam irrestrita importância pessoal há uma década, por exemplo, hoje cedem lugar para outras evoluções tecnológicas, criadas a partir de necessidades e desejos (re)descobertos diariamente.
Tomando emprestado um conceito da Administração, podemos refletir a questão do consumo em torno da Pirâmide de Maslow, que ordena as necessidades humanas classificando-as em primárias (fisiológicas e de segurança) e secundárias (sociais, estima e auto-realização).
Como atender às necessidades gerando o menor impacto ambiental possível?
Para essa pergunta podemos procurar uma resposta baseada em uma ferramenta já existente, capaz de nos dar informações para optarmos pelos processos ambientalmente mais eficientes: a Análise do Ciclo de Vida – ACV.
O estudo da ACV tem uma visão holística sobre a cadeia de um produto ou serviço, indicando os seus impactos ambientais desde a extração da matéria-prima até o pós-consumo. Essa trajetória é popularmente conhecida como análise “do berço ao túmulo” e é muito utilizada para contextualizar, num primeiro momento, o funcionamento da ferramenta.
Consumo de recursos naturais: o olhar da ACV
Sob a visão de análise do ciclo de vida de produtos e serviços, as ações humanas representam o consumo dos recursos naturais. Evidentemente que o consumo de matéria-prima é automaticamente entendido como redução da disponibilidade de recursos. Mas isso também vale para a geração de resíduos sólidos, efluentes e emissões. Por exemplo, o impacto dos processos que emitem material particulado na atmosfera para a manutenção da qualidade de ar em condições adequadas para a respiração humana. Da mesma forma, a disposição de resíduos sólidos consome espaço de solo e a disposição de efluentes consome recursos hídricos reduzindo a qualidade da água para uso humano.
A emissão de gases de efeito estufa pode ser vista sob o aspecto das consequências do aumento da temperatura global para a vida humana. Esse efeito pode reduzir a produtividade do plantio de determinados alimentos e até comprometer áreas atualmente pouco expostas a ocorrência de eventos climáticos extremos.
Oferta e Demanda: um olhar que conduz à Gestão Ambiental
Para direcionamento da atuação da gestão ambiental nas empresas, podemos nos utilizar da lei de mercado da oferta e demanda. Os indicadores de consumo dos recursos naturais devem ser confrontados com a sua disposição, evidenciando as categorias de impacto ambiental que merecem especial atenção na estratégia corporativa.
Em nosso caso, por exemplo, desenvolvemos uma matriz própria de avaliação de riscos ambientais, em que as categorias de impacto como mudanças climáticas, consumo de recursos hídricos e uso do solo são posicionadas conforme a classificação da oferta e a demanda por recursos naturais.
Essa ferramenta é utilizada para priorizar ações sustentáveis de mitigação dos impactos para os quais o processo produtivo é altamente dependente e o meio ambiente possui baixa resiliência, apresentando-se como um risco à sustentabilidade da cadeia de valor das empresas.
Mudanças Climáticas
Atualmente, as mudanças climáticas são a categoria de impacto ambiental em destaque na economia mundial. Isso porque está sendo observado um aumento na temperatura média do globo e modelos climáticos indicam a necessidade de redução abrupta das emissões de gases de efeito estufa (GEE) para limitar em 2ºC o incremento médio da temperatura em relação a era pré-industrial. A tradução objetiva dessas informações da atual conformação global para a estratégia corporativa é a de baixa disponibilidade para emissões de GEE. Portanto, a gestão dos riscos associados às mudanças climáticas se faz necessária.
Essas preocupações também estão relacionadas, no médio e longo prazo, ao desempenho financeiro das empresas. À medida que as condições para uso de um recurso natural são limitadas, seu preço sobe.
Para o tema de Mudanças Climáticas, diversos países já adotaram mecanismos de precificação do carbono e o Brasil vem estudando a melhor abordagem econômica para as emissões de GEE no país desde 2013. A transição das atividades econômicas para processos com menores impactos ambientais é extremamente complexa, envolvendo altos investimentos, inovação e adaptação da produção mundial.
Pequenas empresas possuem maior facilidade para modificar a sua estrutura. Analogamente, podemos pensá-las como uma motocicleta que desenvolve com rapidez as mudanças de direção numa trajetória. Já as empresas de maior porte devem levar em conta maiores esforços para adaptação de seus processos. Neste caso, podemos compará-las às carretas que, por possuírem maior peso, mudam de direção de forma gradual. Sob esse ponto de vista, a economia global é vista como um trem ou mesmo um navio cargueiro. Por isso, a antecipação dos riscos é fundamental para que haja tempo suficiente de reação, visando uma modificação estrutural robusta e lenta. Quanto menor o tempo disponível para alteração das atuais configurações da cadeia produtiva, maiores os custos para implementar inovações.
Já foram diagnosticadas diversas alterações ambientais relacionadas às mudanças climáticas: alteração na vazão dos rios, declínio da biodiversidade, aumento do nível do mar e da acidificação dos oceanos, inundações, deslizamentos, perda do potencial de pesca, redução da produção agrícola, migração da população rural para as cidades, aumento das ondas de frio e calor. O sudeste brasileiro também foi impactado com a crise hídrica e o encarecimento da energia elétrica no ano de 2015, por exemplo.
A oportunidade para a mudança de direcionamento de suas atividades econômicas, que resulte em diferencial competitivo, passa, cada vez mais, a se tornar uma necessidade. E é justamente nesse contexto que a Análise de Ciclo de Vida se faz tão necessária para as tomadas de decisões estratégicas dentro das empresas. Antecipe riscos! Integre a ACV às suas decisões estratégicas!
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Agora que tivemos um contato inicial com a ACV, entenda melhor o seu papel de análise nos impactos dos produtos.